quinta-feira, 17 de abril de 2008

ZOROASTRO: RELIGIÃO E FILOSOFIA

Por Paul du Breuil

A obra de Zoroastro nos é dada a conhecer pelos Gâthâs, textos arcaicos que lhe são formalmente atribuídos por textos contem- porâneos nos quais encontramos elementos politeístas da religião popular do antigo Irã e pelos textos posteriores do Avesta tardio. Este segundo Avesta, devido em grande parte aos magos, intro- duz, no zoroastrismo original, elementos exteriores do zervanismo, do mitraísmo e da religião popular. O que resta do Avesta limita-se apenas a um quarto do Avesta primitivo, que contava com 21 livros.

Foi Zoroastro um profeta? Se o profeta é um adivinho que anuncia acontecimentos ditados pelos decretos divinos cujo curso nin- guém pode modificar, nada está mais distanciado de sua mensa- gem. A única profecia que o autor dos Gâthâs inaugura é o adven- to da consciência humana e da sua responsabilidade espiritual. O mal não é uma fatalidade inelutável e a vontade ética pode redu- zir as manifestações, na esperança de uma vitória de um Bem inconcebível, graças à predominância divina sobre a ordem natu- ral, produto desviado de uma criação ideal. Afirmando que um propósito ético transcende a criação, Zoroastro realiza, antes de Sócrates, a transição entre o pensamento naturalista e a ética. Antes de Platão, ele liberta o divino de todo antropomorfismo e o identifica com o Bem Soberano (Yasna 31.8). Ele define o Logos antes da hora grega (Vohu Manah), anuncia as idéias platônicas e as hipóstases de Plotino. [continua]


YASNA 31.8

"Eu Vos reconheço, ó Mazda, em meu pensamento. Tu és o Primeiro e (também) o Último. Tu és o Pai de Vohu Manah. Quando a Vós percebo com meu olho, sei que Tu és o verdadeiro Criador da Eqüidade [Asha], o Senhor que julga as ações da vida."

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