quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O INÍCIO DO CONDICIONAMENTO

Há gravação, registro, o tempo todo. Sem esse registro não há começo do pensamento, não há pensamento. Senhor, se o senhor tivesse nasci- do no mundo católico, e fosse condicionado a e- le, pensaria de acordo com esse mundo, com Cristo, o senhor sabe, com todo esse negócio. De modo que somos condicionados à propa- ganda, aos livros, aos sacerdotes, a todo o circo que persiste, da mesma maneira como somos condicionados na Índia, no Ceilão, e tudo mais. Então, qual é a origem, o início, desse condicionamento? Por que o homem condiciona a si mesmo? Por questão de segurança, para evitar pe- rigos? Obviamente. Acredito em Cristo porque fui criado no mundo cristão, esse é o meu condicionamento, e esta vida é uma vida de sofrimento, infeliz, mas acredito em Cristo, que me dá uma certa sensação de conforto, de força para enfrentar essa coisa apavo- rante que é o mundo. Acreditar dá um grande conforto. E isso é tudo. Me dá segurança em um mundo inseguro, psicologicamente falando – o Pai está olhando por mim. E os hinduístas, os budis- tas, os muçulmanos, todos eles se enquadram na mesma cate- goria. A reação instintiva de um ser humano é querer sentir-se seguro, tal como uma criança, obviamente. Não?

KRISHNAMURTI, Jiddu. A humanidade pode mudar, p. 135, Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2003.

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