quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A Voz do Silêncio, de H.P.B.

1. Conheces, ó bem-aventurado, os cinco impedimentos. Tu és o seu conquistador, o mestre do sexto, libertador dos quatro modos da verdade (a) - A luz que cai sobre eles brilha de ti, à tu que foste discípulo, mas agora és professor. E destes modos da verdade: 

2. Não atravessaste tu o conhecimento de toda a dor – primeira verdade? 

3. Não venceste tu o rei dos Maras em Tsi, o portal da reunião (b) - segunda verdade? 

4. Não destruíste tu o pecado à terceira porta, atingindo a terceira verdade? 
5. Não entraste tu para Tau, o caminho que leva ao conhecimento (c) - a quarta verdade? 

6. As sementes da sabedoria não podem germinar e crescer no espaço sem ar. Para viver e colher experiência, o espírito precisa de espaço e profundidade e de pontos que o guiem para a Alma de Diamante (d). Não procures esses pontos no reino de Maya; mas ergue-te acima das ilusões, busca o eterno e imutável Sat (e), desconfiando das falsas sugestões de fantasia. 

7. Tens agora o conhecimento a respeito dos dois Caminhos. Chegará o momento em que terás de escolher, ó tu de Alma ansiosa, quando tiveres chegado ao fim e passado as sete portas. A tua mente está lúcida. Já não estás preso a pensamentos ilusórios, porque aprendeste tudo. Sem véu está ante ti a Verdade, e fita-te gravemente. 

8. Vairagya, a indiferença ao prazer e à dor, a ilusão vencida, só a verdade vista. 

9. Virya, a energia indômita que abre o seu caminho para a verdade suprema, erguendo-se acima das mentiras terrenas. 

10. Tens de te saturar do puro Alaya, de te identificar com o pensamento da alma da Natureza. Unificado com ele és invencível; separado dele, torna-te o campo de recreio de Samvritti (f) , origem de todas as ilusões do mundo. 

11. Domina a tua alma, ó ansioso pelas verdades eternas, se queres chegar à meta. 

NOTAS: 

a) Os quatro modos da verdade são, no budismo do norte: Ku, o sofrimento ou miséria; Tu, a reunião das tentações; Mu, a destruição delas; e Tau, o Caminho. Os "cinco impedimentos" são o conhecimento da angústia, a verdade a respeito da fraqueza humana, restrições opressivas, e a absoluta necessidade de separação de todas as peias da paixão, e mesmo dos desejos. O "Caminho da salvação" é o último. 

b) No portal da reunião está o rei dos Maras, o Maha-Mara, tentando cegar o candidato com o brilho da sua jóia. 

c) Este é o quarto dos cinco caminhos do renascer, que conduzem e arrastam todos os seres humanos para um perpétuo estado de tristeza e de alegria. Esses caminhos não passam de subdivisões do caminho único, o caminho seguido pelo Carma. 

d) A Alma de Diamante, Vajrasattva, um título do Buda supremo, Senhor de todos os mistérios, chamado Vajradhara e Adi-Buda. 

e) Sat, a única realidade e verdade eterna e absoluta, sendo tudo mais ilusão. 

f) Samvritti é aquela das duas verdades que demonstra o caráter ilusório ou o vácuo de todas as coisas. Neste caso significa a verdade relativa. A escola Mahayana ensina a diferença entre estas duas verdades - Paramarthsatya e Samvrittisatya (Satya-verdade). É este o pomo de discórdia entre os Madhyamikas e os Yogacharyas, os primeiros dos quais negam, e os segundos afirmam, que todo o objetivo existe devido a uma causa anterior ou por concatenação. Os Madhyamikas são os grandes niilistas e negadores, para quem tudo é Parikalpita, uma ilusão e um erro no mundo do pensamento subjetivo tanto como no universo objetivo. Os Yogacharyas são os grandes espiritualistas. Samvritti, portanto, por ser apenas a verdade relativa, é a origem de toda a ilusão.

Texto selecionado pelo irmão Roberto C. Paula para estudo em Loja realizado em 4 de setembro de 2012.

"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.

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