quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O desafio da Verdade

Às vezes criam-se consensos autoritários nos grupos humanos. Um dogma cômodo para a liderança pode ser imposto com base em uma chantagem emocional. Quando isso acontece, quem prefere pensar por si mesmo ouve, aberta ou veladamente, a seguinte mensagem: “Limite-se a repetir as mesmas idéias que nós, ou será acusado de fanático e tratado como um estranho no ninho”.         

O estudo e a compreensão das Cartas dos Mahatmas destroem esta chantagem, e isto é muito bom, porque ela provoca um grave bloqueio do fluxo da inspiração espiritual e abre amplo espaço para a hipocrisia e outros processos ilusórios. Na ausência da necessária coragem, o medo de ser alvo de críticas e de enfrentar uma barreira de argumentos falsos como “as Cartas e HPB só trazem desarmonia” poderia fazer-nos deixar de lado a busca da verdade que é o lema da filosofia esotérica. As Cartas nos forçam a revisar nossos conceitos, e isto pode ser incômodo, mas é revitalizante. O desafio serve para testar nossa determinação de buscadores da verdade e, ao mesmo tempo, a nossa capacidade de ser sinceramente fraternos com quem pensa diferente.         

As cartas são claras ao revelar a concepção dos Mahatmas sobre as diferenças de opinião. Segundo eles, “credulidade gera credulidade e termina em hipocrisia” (Carta de 1900) e o contraste de pontos de vista é essencial para que um grupo de estudantes da sabedoria esotérica possa ter bons resultados. “A discórdia é a harmonia do universo”, diz um Adepto na Carta 120 de Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett. A unidade entre buscadores é interior, oculta, de coração. Jamais pode ser produzida pela uniformidade das palavras. Além da credulidade, há o medo de dizer o que pensamos e o sentimento de irritação ou impaciência quando ouvimos algo que contraria nossos hábitos mentais. Não é por acaso que um Mahatma escreve na primeira carta recebida por Alfred Sinnett:            

“Quanto à natureza humana em geral, ela é igual agora como era há um milhão de anos atrás: preconceito baseado no egoísmo; uma resistência generalizada a renunciar à ordem estabelecida das coisas em função de novos modos de vida e de pensamento - e o estudo oculto requer tudo isso e muito mais –; orgulho e uma teimosa resistência à Verdade, quando ela abala as nossas noções prévias das coisas...”[3]         

Para quem está disposto a vencer costumes estabelecidos, a preguiça mental e a falta de tempo, o estudo das cartas traz uma bênção. Os surpreendentes contrastes e desafios do caminho espiritual são ilustrados em detalhes nas Cartas por histórias humanas reais. Assim podemos compreender algo da complexa alquimia psicológica da alma humana quando é submetida às pressões do discipulado.  Nisso, somos ajudados pela extraordinária sabedoria e pela grande franqueza dos Mahatmas, que nem sempre usam meias palavras.  Estudar as Cartas é como buscar ouro: aparentemente difícil, mas vale a pena.

Extraído do site "Vislumbres da outra margem".  Texto selecionado pelo irmão Roberto C. Paula para estudo em Loja realizado em 22.01.13.

"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.

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