sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Espaço e sunyatta

As primeiras estâncias tratam da questão do "espaço".  Não pela perspectiva psicológica. O "espaço" da Doutrina Secreta é o conceito de sunya ou sunyatta.  Um estado de consciência que ocorre quando o que normalmente entendemos por "viver" se entrega ao fluxo ininterrupto daquilo que é “original”. Esse “original” é o vazio que não tem expectativas, sem conceitos e sem identificações; em uma palavra é sunya.

De certa maneira, há um perigo implícito na interpretação do "Espaço" contido nas Estâncias, por um conceito metafísico que pode ser "compreendido" e discutido em termos intelectuais. Tais discussões tendem a fortalecer o “eu” - sempre pronto para novas "aventuras" com o propósito de se expandir em “viagens” sempre intelectuais. Infelizmente, é precisamente isso que tem ocorrido na maioria das vezes nos estudos da Doutrina Secreta. Frequentemente, o termo “Espaço” passou  a significar algo que lembra expressões bíblicas, e aqueles que percebem  e acreditam nesses conceitos tratam desse conceito como: " No início, era o espaço".

Não é difícil conceber o estudo do "espaço" na Doutrina Secreta apresentado de modo metafísico. Pode ser intelectualmente mais estimulante para algumas pessoas. Mesmo assim, apesar do enfoque sedutor que esta abordagem confere ao orador, o fato é que tem muito pouco a ver com a transformação da vida. Este tipo de enfoque nada tem haver com aquele entendimento genuíno do ensinamento perene, que segundo HPB e seus Mestres, provém de uma fonte que não é o intelecto.

De acordo com A Voz do Silêncio, o entendimento da Doutrina Secreta só ocorre em pessoas que estão realmente investidas nos propósitos de transformação. Portanto, a verdadeira compreensão daquilo que eles pretendem dizer com o termo "Espaço" não pode ser encontrado fora do ato de transformação. O estado de consciência em si (ou estado de ser), que ocorre quando não há apego aos objetos da mente condicionada, torna possível compreender diretamente o universo; simplesmente pelo fato de que esta compreensão requer a remoção de todos os condicionamentos.

De certa maneira, há uma diferença radical entre este estado do ser e o estado de consciência, ancorada nas idéias sobre o desapego.  É somente no estado de transformação, completamente livre de preconceitos de laços inquestionáveis ​​de seu passado, que será possível realmente entender qualquer coisa de verdadeira importância. Os ensinamentos internos só podem ter lugar no estado de transformação - algo que só pode acontecer na solidão do próprio ser – por esta razão que “eles” a chamam de "A Doutrina do Coração".

Extraído de Ariel Sanat - Transformación humana a la luz de Krishnamurti y la Doctrina Secreta, capítulo 6: Las estancias de Zen, tradução livre.  Texto selecionado pelo irmão Felipe Becker para estudo em Loja realizado em 29.01.13

"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.

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