A capacidade da mente é
sem limite, e suas manifestações são sem fim. Ver formas com os seus olhos,
ouvir sons com os seus ouvidos, sentir odores com o seu nariz, sentir sabores
com sua língua, cada movimento ou estado é sua mente. A cada momento, lá onde a
linguagem não pode ir, é a sua mente.
Dizem os sutras: "As
formas de um tathagata são sem fim, e assim é sua consciência". A
variedade sem fim de formas é devida à mente. Sua habilidade para distinguir
coisas, qualquer que seja seu movimento ou estado, é a consciência da mente.
Mas a mente não tem forma e sua consciência não tem limite. Portanto diz-se que
"as formas de um tathagata são sem fim. E tal é a sua consciência".
O corpo material em quatro
elementos(31) é um problema. Um corpo material é sujeito a renascimento e
morte. Mas o corpo real existe sem existir, pois o corpo verdadeiro do
tathagata nunca muda. Os sutras dizem que "As pessoas deviam perceber que
a natureza búdica é algo que elas sempre tiveram". Kashyapa(32) apenas
percebeu sua natureza própria.
Nossa natureza é a mente.
E a mente nossa natureza. Essa natureza é o mesmo que a mente de todos os
budas. Budas do passado e do futuro somente transmitem essa mente. Além dessa
mente não há buda em parte alguma. Mas pessoas iludidas não percebem que suas
próprias mentes são o buda. Elas continuam procurando fora. Elas nunca param de
invocar budas ou venerar budas e imaginar onde está o buda. Não se entregue a
tais ilusões. Simplesmente conheça sua mente. Além da sua mente não há outro
buda. Dizem os sutras que "tudo que tem forma é ilusão". Eles também
dizem que "onde quer que você esteja, há um buda." Sua mente é o
buda. Não use um buda para venerar um buda.
Mesmo que repentinamente
um buda ou bodhisattva(33) aparecesse diante de você não há necessidade de
reverenciá-lo. Nossa mente é vazia e não contém tal forma. Aqueles que se
apegam às aparências são demônios, eles desviam-se do caminho. Por que venerar
ilusões nascidas da mente? Aqueles que veneram não sabem, e aqueles que sabem
não veneram. Através da veneração você está a serviço de demônios. Aviso-o
disso porque temo que você não esteja consciente disso. A natureza básica de um
buda não tem tal forma. Mantenha isso em mente, mesmo que algo diferente
apareça. Não o aceite, e não o tema, e não duvide que a sua mente é a princípio
pura. Onde poderia haver espaço para tal formação? Além disso, o aparecimento
de espíritos(34), demônios ou seres divinos não merece respeito nem medo. Sua
mente é basicamente vazia. Todas aparências são ilusões. Não se apegue às
aparências.
Se você vir um buda, Dharma
ou bodhisattva(35) e prestar-lhe respeito você relega-se ao reino dos mortais.
Se você procura entender diretamente não se apegue seja qual for a aparência,
que você terá sucesso. Não tenho mais conselhos. Dizem os sutras que
"todas as aparências são ilusões". Elas não têm existência fixa,
nenhuma forma constante. Elas são impermanentes. Não se adere às aparências e
você terá sua mente unificada com Buda. Dizem os sutras que "aquilo que é
livre de todas as formas é o buda".
Mas por que não devemos
venerar budas e bodhisattvas?
Os demônios têm o poder de
manifestarem-se. Eles podem tomar a forma de bodhisattvas em todas as
situações. Mas eles são falsos. Nenhum deles é buda. O buda é sua própria
mente. Não desvie sua veneração.
Buddha é uma palavra sânscrita
que significa desperto, miraculosamente desperto. Responder, perceber, arquear
as sobrancelhas, piscar os olhos, mover as mãos e pés, tudo é sua natureza
miraculosamente desperta. E essa natureza é a mente. E essa mente é o buda. E o
buda é o caminho. E o caminho é zen (36). Mas a palavra zen é uma das que
permanece um quebra-cabeça tanto para mortais como para sábios. Ver sua
natureza é zen. A menos que você veja sua natureza, não é zen.
Mesmo que você possa
explicar milhares de sutras e shastras(37), a menos que você veja sua natureza
própria seu ensinamento é o de um mortal, não de um buda. O Caminho verdadeiro
é sublime. Ele não pode ser expresso através de linguagem. Para que servem as
escrituras? Mas alguém que veja sua natureza própria acha o Caminho, mesmo que
ele não possa ler uma única palavra. Alguém que veja sua natureza é um buda. E,
uma vez que o corpo de um buda é intrinsecamente puro e sem manchas, e tudo que
ele diz é uma expressão de sua mente, sendo basicamente vazio, um buda não pode
ser encontrado em palavras ou qualquer lugar do Cânone Desdobrado em Doze.
O Caminho é basicamente
perfeito. Ele não precisa ser aperfeiçoado. O Caminho não tem formas ou som.
Ele é sutil e difícil de perceber. É como quando você bebe água: você sabe quão
quente ou fria está, mas você não pode explicar aos outros. Daí que somente um
tathagata sabe que homens e deuses permanecem desatentos. A consciência dos
mortais é rasa. Uma vez que eles são apegados às aparências, eles não estão
conscientes de que suas mentes são vazias. E por aterem-se erradamente à
aparência das coisas eles perdem o Caminho.
Texto selecionado pela irmã Lucinéa Silva para estudo em Loja realizado em 13 de novembro de 2012.
"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.
"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.
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