quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Dzogchen e a mente fundamental

Como o Dzogchen pode nos ajudar em nosso trabalho e carreira no dia-a-dia?

R: Em primeiro lugar, é bastante difícil ter uma experiência de Dzogchen. Mas, uma vez que tenha essa experiência, ela pode ser extremamente benéfica para você tratar da vida no dia-a-dia, do trabalho à carreira. Isso porque esse tipo de experiência vai lhe dar a capacidade de evitar ser soterrado pelas circunstâncias, boas ou más. Você não cairá em estados extremos da mente, não ficará superexcitado ou deprimido. Sua atitude em relação às circunstâncias e eventos será como se estivesse observando a mente sem ser arrastado pelas circunstâncias.

Quando você vê o reflexo de uma forma no espelho, por exemplo, o reflexo aparece dentro do espelho, mas não é projetado lá de dentro. Do mesmo modo, ao confrontar as situações da vida, ou lidar com os outros, sua atitude será como a do espelho.

Além disso, quando aparece um reflexo no espelho, o espelho não tem que ir ao encalço do objeto refletido; simplesmente reflete, de modo espontâneo, na superfície. É o mesmo com você: visto que não existe apego ou agitação ao ter esses “reflexos” na mente, você sente uma tremenda desenvoltura e alívio. Não fica preocupado com o que surge na mente, nem isso causa qualquer aflição. Está livre da conceitualidade e de qualquer forma de objetivação. E isso realmente ajuda, ao permitir que você escape de acabar capturado no jogo de emoções como aversão, apego e outras.


A mente fundamental e inata de clara luz é dependente de causas e condições? Se não é dependente, como pode ser vazia de existência independente?

R: Essa é uma pergunta muito boa. Nos textos, muitas vezes encontramos menção à mente fundamental e inata de clara luz não ser produzida por causas e condições. É importante entender que, no geral, existem diversas conotações quando usamos o termo fenômenos produzidos. Uma coisa pode ser chamada “produzida” por ser uma produção de delusões e das ações que provocam. Porém, também pode se referir à produção por causas e condições. E existe ainda uma noção de “produzido” como sendo causado pelos processos de pensamento conceitual.

Certos textos falam das atividades do Buda como permanentes e não-produzidas no sentido de que são contínuas e de que, enquanto houver seres sencientes, as atividades dos budas continuarão ininterruptas. Assim, do ponto de vista da continuidade, essas atividades às vezes são chamadas permanentes.

Da mesma maneira, a mente fundamental e inata de clara luz, em termos de continuidade, é sem princípio, sem fim. Esse continuum sempre estará ali e, a partir desse ponto de vista específico, também é chamado de “não-produzido”. Além disso, a mente fundamental e inata de clara luz não é um estado circunstancial ou adventício da mente, pois não existe como resultado da interação circunstancial de causas e condições. Em vez disso, é um continuum sempre-permanente da mente, inerente em nós. Desse ponto de vista, é chamada “não-produzida”.

Entretanto, embora seja assim, ainda temos que sustentar que, por possuir continuidade, a mente fundamental e inata do presente – esse instante de consciência presente – vem dos momentos anteriores. O mesmo é válido para a sabedoria de Buda – a mente onisciente de Buda – que, percebe as duas verdades direta e simultaneamente, e que também é um estado de percepção ou consciência. Visto que é um estado de percepção, o fator que por fim se transformará naquela tipo de sabedoria, isto é, a mente fundamental e inata de clara luz, terá que ser considerado um estado de percepção. Pois é impossível que qualquer coisa que não seja percepção por natureza se transforme em um estado de percepção. Assim, a partir desse segundo ponto de vista, a mente fundamental e inata de clara luz é produzida de modo causal.

Extraído de Dzogchen, A Essência do Coração da Grande Perfeição, Sua Santidade O Dalai Lama, pp. 157-158, Ed. Gaia, São Paulo, 2006.


"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.

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