A mudança do guru para o amigo não é apenas uma questão de inspiração; é também uma questão de informação. Nós temos acesso mais livre ao que antes era mais seletivo e fechado. A mensagem de autoconhecimento atingiu partes interessadas onde quer que haja comunicação. E esta comunicação já não precisa fluir através da banda estreita da frequência ao guru, mas transbordou e se tornou banda larga.
Isso fez com que o modelo de guru em si se transformasse em algo mais democrático e descentralizado. Há mais professores com menos carisma. Na Califórnia, a oferta excede a demanda até o ponto onde um estudante pode escolher entre qualquer número de retiros em um determinado fim de semana. Líderes de retiros tiveram que baixar as suas taxas para manter a competitividade. E, então, durante a semana seguinte, os estudantes passam por e-mail os ensinamentos para a todos os seus amigos, que depois contam aos outros.
As conotações do termo "guru" estão mudando. Tradicionalmente, esta palavra sânscrita tem sido interpretada para significar dissipador (gu) das trevas (ru). Entendia-se primariamente em termos pessoais, e o guru era adorado como uma encarnação de Deus - um conduto sagrado, exclusivo para a autorrealização. Atualmente, a metáfora ficou velha. As pessoas não aceitam mais a imagem de que elas estão em trevas até serem assistidas por um ser humano supostamente aperfeiçoado. Nos círculos espirituais, a palavra "guru" é cada vez mais usada para apontar para o si mesmo mais interno do buscador.
Exclusividade não é politicamente correta
Não é mais possível às pessoas acreditarem que a libertação só fala em tibetano, ou que o mundo foi criado a partir de sílabas sagradas em sânscrito. As pessoas estão dizendo: "Se isso não pode ser dito em minha língua, então não é tão universal como se pretende." Mesmo tão recentemente como há trinta anos, os buscadores da autoconsciência tinham que percorrer a Índia ou os Himalaias para ver alguém que pudesse compartilhar uma mensagem de libertação. Atualmente há muitas rotas: Barnes & Noble, Borders, Amazon, Yahoo, Google, telefones celulares e BlackBerries.
Ensinamentos que costumavam ser limitados a uns seletos poucos estão agora sendo alegremente compartilhados entre amigos em qualquer idioma. Mesmo décadas atrás, você tinha que ir para ashrams ou templos e talvez esperar três dias antes dos guardiões deixá-lo entrar. Agora, a mesma mensagem pode ser encontrada em cafés, salas de visitas, cyber chat-rooms e até prisões. Alguns dos gurus mais jovens estão começando a adaptar os seus ensinamentos a esse novo tom democrático. Eles recuaram da postura de exclusividade e aproximaram-se para celebrar a amizade e a simplicidade iluminada. E outros gurus estão fincando seus calcanhares e se agarrando à velha história.
Verrugas e informações
Figuras públicas são agora lugar comum. Sabemos mais sobre mais pessoas. Vemos suas verrugas e indiscrições. Isso é inevitável na infocultura de hoje, onde os próprios blogueiros e paparazzi podem ficar famosos. O antigo modelo de guru não pode sobreviver a esta quantidade de informação. De acordo com as versões mais antigas e exaltadas do modelo guru, o guru é um exemplo único e talvez aperfeiçoado da humanidade. Talvez a divindade na roupagem humana temporária. Alguns até já disseram que o guru está além de Deus. Mas, como o aumento da informação, torna-se muito mais difícil para essa imagem sobreviver. Alta perfeição se torna comédia inferior com cada nova revelação de gurus vegetarianos flagrados comendo chiliburgers, gurus celibatários descobertos tendo casos com suas chefes de relações públicas, ou gurus manipuladores de milagres fotografados com bugigangas nas dobras de suas mangas.
Informações sobre gurus abundam de modos impensáveis há um tempo atrás. Há informações próximas e pessoais em livros como “Pés de Barro”, “Mãe de Deus”, ou “Iluminação Melancólica”. Existem sites como o famoso Nonduality.com de Jerry Katz, que ajudou a desconstruir o antigo modelo do guru por sua grande amplitude de expressão, e pela listagem de tantos gurus, incluindo personagens literários e de cinema. Há também a página de avaliações de gurus de Sarlo www3.telus.net/public/sarlo/RatingsJ-L.htm, que dá livremente escores subjetivos e pessoais para gurus, juntamente com os seus anti-sites, sempre que possível. Há Jody Radzik, que por anos tem sido uma mosca na sopa, lembrando às pessoas que a imagem de perfeição de um guru é criada por idealizações do estudante. Recentemente Jody surgiu com guruphiliac.org, um info blog cheio de novidades com o site “refugiados do guru” e outras cacas que tornam muito mais difícil idealizar o guru.
Sem perda de poder
Será que a mensagem de libertação se dilui, se chega até você através do balconista noturno da loja 7-11 local? Não é melhor ir diretamente à fonte? Mais e mais pessoas estão dizendo "Não - a fonte está em toda parte." As pessoas estão entendendo a libertação como algo que pode ser comunicada por qualquer pessoa, a cada respiração. Bandeiras vermelhas sobem sempre que alguém exige que apenas algumas pessoas podem ser as portadoras de mensagens. A mensagem pode vir da loja de conveniência, e as pessoas estão vendo agora que é a mesma mensagem que vem do sábio e velho cara barbado no topo da colina. Há um brilho nos olhos dele, porque ele sabe disso também.
http://www.advaita.org.uk/discourses/trad_neo/gurufriend_greg.htm
Texto selecionado para estudo em Loja em 28.04.15
"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.
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