terça-feira, 12 de maio de 2015

Meditação Autêntica

Por Adyashanti

O que é Meditação Autêntica?

A Meditação Autêntica consiste em desfazer-se do controle e da manipulação. Deixar que as coisas sejam  o que são. Desfazer-se do meditador, do controlador.  Abster-se, não fazer nada, não interferir... Isso é revolucionário para a mente. Deixar de controlar é algo imenso para o ser humano, pode soar como algo simples ou fácil, mas a nossa estrutura psicológica, o nosso eu psicológico, nosso ego, nossa mente, todos foram construídos sobre uma base de controle e manipulação em quase todos os seres  humanos. Sugerir a mente ou ao ego que deixem de controlar é uma ideia revolucionária.  A meditação autêntica é uma investigação sobre o que  se passa quando deixamos de controlar ou manipular a experiência... quando realmente deixamos as coisas serem o que são.

O que é e qual a importância da Indagação Meditativa?

Uma pergunta espiritual plena de poder e significado feita em estado mental meditativo. Uma indagação capaz de atravessar as capas dos condicionamentos e alcançar nossa natureza essencial. Ela é capaz de interromper o processo de controle e manipulação do ego/mente como se fosse uma espécie de Koan. Enquanto o meditador siga controlando a experiência, as possibilidades de ir mais além do ego e da mente são muito poucas.

“Quem sou eu?”

Ir além do ego e da mente. Desfazer-se do meditador.

Quem é que medita quem é o meditador?

O começo da meditação autêntica nos convida a abstermo-nos do controle e da manipulação do ego/mente. Em seguida devemos nos liberar do meditador. Enquanto o meditador siga controlando a experiência, as possibilidades de ir mais além do ego e da mente são muito poucas. Quem está controlando a experiência? Quem é o meditador? Meditamos para ir além do meditador, mais além do ego e da mente. O deixar que tudo seja como é desconecta o meditador, desconecta o controlador.  O meditador é o que manipula, é o que controla, é o que faz esforço. O meditador é o que tem responsabilidade por quase todos os estilos de meditação.

A mente tem algo o que  fazer, algo o que dominar  e  isso a encanta. A mente se encanta em ter que dominar algo pois assim segue tendo o controle. Para despertar a verdadeira natureza de quem somos devemos ir além da mente e do meditador e por consequência além dos estilos de meditação.  Então em qualquer estilo de meditação que eventualmente estejam utilizando, se dêem espaço para liberar-se da técnica que estejam usando... Que acontece quando deixo de observar a respiração? Que acontece quando deixo de observar a mente ou de repetir um mantran? A espiritualidade não tem a ver com praticar técnicas de meditação quaisquer que sejam.  A espiritualidade tem a ver com o despertar do sonho da separatividade e a compreensão da verdade da Unidade.

Que acontece quando nos desfazemos realmente de tentar controlar ou manipular ou transformar?

Até que  realmente permitamos que tudo seja o que é em sua forma mais profunda... enquanto não alcançarmos isso ainda estaremos enganchados em alguma forma de controle. Permitir que tudo seja o que é , é em si, um profundo ato de fé. Voltar nossa percepção para nossa natureza  essencial... não é preciso fazer nada, apenas SER... é um profundo ato de fé e de investigação verdadeira.

O despertar espiritual não chega com nenhuma compreensão intelectual. Não podemos alcançar nossa verdadeira natureza mediante palavras, conceitos, ideias nem teologias. Temos que nos dar conta de que quando a mente tenta entender intelectualmente a realidade, ela simplesmente está tentando manter o controle, um controle intelectual. Na meditação autêntica temos que nos abster do controle desde o início, não damos energia ao ego, ou a mente, ou ao controlador. Temos que nos desfazer também disso. Paradoxalmente a mente exerce um papel importante no despertar espiritual, é que precisamos transcender a mente através da mente.

Em meditação autêntica começamos descansando em nosso estado natural...

Em meditação autêntica não nos movemos em direção ao estado natural e nem tratamos de criá-lo. Quando começamos a nos desfazer do meditador, do controlador, do ego/mente... quando começamos realmente a permitir que tudo seja como é....começamos a perceber que a paz, o silêncio, sensação de bem aventurança que queríamos, já estavam lá todo tempo! A única coisa a que precisávamos era parar de tentar fazer coisas, parar de buscar, apenas permitir que a experiência fosse o que fosse, que as coisas fossem o que são... apenas isso. Sem fazer nenhum esforço para interferir nem transformar a experiência... apenas deixar que ela fosse o que é...

Devemos nos desfazer da ideia de que a iluminação tem algo a ver com algum estado alterado de consciência...É sim o estado natural do nosso Ser... Presumimos que para perceber a realidade da unidade e alcançar o despertar espiritual precisamos entrar em algum estado alterado de consciência e o que ocorre é que é justamente o contrário.

O que precisamos para perceber a unidade de todas as coisas e a realidade espiritual  é justamente um estado NÃO ALTERADO DE CONSCIÊNCIA... e por lógica comparativa, todos os demais é que são estados alterados de consciência.

A iluminação é esse estado de consciência natural, não contaminado pelo movimento do pensamento, nem pelo controle ou manipulação do ego/mente.

A única coisa que precisamos fazer para que a consciência comece a despertar de sua identificação com o pensamento, com a sensação, com o corpo, com a mente e com a personalidade é permitirmos à consciência  descansar em seu estado natural desde o princípio.

Texto selecionado pelo irmão Marcelo Curvelo para estudo em Loja em 06.05.15

"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.

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