segunda-feira, 15 de junho de 2015

5000 anos de Advaita: Não somos o ego

Por Dennis Waite

A maioria das pessoas acredita que elas são a mente. O sentido de self é referido como "ego", no ocidente, e quando a Advaita fala sobre obstáculos para a realização da verdade, a mente e o ego são usados ​​quase como sinônimos. Nós provavelmente admitiríamos ao refletirmos que todas as nossas idéias, opiniões e crenças derivam de condicionamentos dos pais, professores e da sociedade que aconteceu nascermos. Eles tornam-se uma parte indelével da nossa memória e é a identificação com eles que forma efetivamente o que poderíamos chamar o nosso ego.
Apenas quando a tagarelice da mente cessa e todos esses pensamentos que giram momentaneamente desaparecem é que podemos reconhecer que permanece alguma outra coisa, que não tem relação com todas essas idéias adquiridas e que essas idéias não são quem nós somos.
Um exemplo simples seria a nossa nacionalidade ou religião. Onde aconteceu de nascermos é puramente acidental (embora isso possa ser questionado mais tarde, quando olharmos para a teoria do karma). Podemos ter sido educados para ser um cristão em uma sociedade materialista ocidental, de modo que todas as nossas reações iniciais às questões de moralidade, por exemplo, tendam a ser reguladas por esses padrões. Se tivéssemos nascido na China ou em um país muçulmano, nossas reações bem poderiam ser diferentes.
O que temos de tentar fazer é estar no presente, consciente do que está aqui e agora, para transcender em vez de ser condicionado por toda esta bagagem mental.
É este ego ficcional que está envolvido enquanto estivermos identificados acreditando ser um corpo e mente separados dos outros. É por isso que os professores modernos repetidamente enfatizam que o buscador nunca vai encontrar qualquer verdade ou realização, o buscador é aquilo que é buscado, o ego não pode cometer suicídio, etc. Atmananda Krishna Menon coloca muito sucintamente:
Por mais que você tente matar o ego, ele só está se tornando mais forte. Então você tem que abordá-lo por outro lado. Todo mundo entende apesar do ego. A verdade é que o ego morre automaticamente quando você entende algo. Você nunca terá sucesso em trazer luz, se você insistir em remover toda a escuridão do seu quarto antes de fazê-lo. Portanto simplesmente ignore o ego e tente entender, e a própria compreensão irá remover o ego.
No momento que você começa a fazer isso, você sem notar se posiciona na Percepção além do ego ou da mente. Então o ego deixa cair todas as suas acumulações e se revela como a própria Percepção. Olhando a partir dessa posição, os problemas desconcertantes do mundo desaparecem como a névoa diante do sol, para nunca mais aparecer. (Notes on Spiritual Discourses 847 e 1354  http://www.advaita.org.uk/.)
Assim, Ramana Maharshi recomenda a Investigação no Self como o "método" para descobrir nosso verdadeiro Self. A investigação é conduzida pelo ego e os seus esforços são, é claro, fadados ao fracasso. O que acontece porém, é que, no processo de descobrir que o "eu" não pode ser encontrado, porque não existe, a investigação colapsa, o ego desaparece e o Self permanece. A ilusão dissolve e a realidade fica revelada:
Primeiro mantenha o ego e então pergunte como ele pode ser destruído. Quem faz a pergunta? É o ego. Esta pergunta é uma maneira de nutrir o ego e não de matá-lo. Se você procurar pelo ego você vai descobrir que ele não existe. Esse é o modo de destruí-lo. (Be As You Are. The Teachings of Sri Ramana Maharshi)
Por trás da mente, que está sempre em constante movimento por causa das mudanças nos pensamentos, sentimentos e desejos, encontra-se a Consciência imutável, o Self de todos. Swami Satchidananda, em seu comentário sobre os Yoga Sutras de Patanjali, diz:
Mas por trás de todas essas diferenças, no Self, nós nunca somos diferentes. Isso significa que por trás de todos estes fenômenos em constante mudança há um imutável Um. Esse Um parece mudar devido às nossas modificações mentais. Então, mudando sua mente você muda tudo. Se pudéssemos compreender este ponto, veríamos que não há nada de errado externamente; está tudo na mente. Ao corrigir nossa visão corrigimos as coisas esternamente. Se nós pudermos curar nosso olhar amarelo de inveja, nada vai parecer amarelo. Mas sem corrigir a inveja, por mais que limpemos as coisas externas, nós não vamos torná-las branca ou azul ou verde; elas estarão sempre amarela. (The  Yoga  Sutras  of Patanjali, trad. Satchidananda)

Texto selecionado para estudo em Loja em 09.06.15

"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.

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