quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Christopher Hitchens: A Morte e o Momento Presente



Se você quer se sentir espantosamente inspirado (Christopher Hitchens) 

Se vocês quiserem se sentir espantosamente inspirados senhoras e senhores, deixe-me dizer, deixe-me apenas lhes contar para aqueles de nós que não acreditamos que somos divinamente criados, muito menos divinamente supervisionados, não estamos imunes à idéia de espanto e beleza e do transcendente.

Deixe-me convidá-los a olhar por um momento para as fotos tiradas pelo telescópio espacial Hubble. Alguns de vocês já viram, se não viram ainda, vejam logo. As extraordinárias revelações das rodopiantes, mas de certa forma, lindas e novas galáxias, em cores, profundidade e majestade igual a nada, penso eu, que um olho humano jamais viu. Rejeitem isso se vocês desejarem. Vejam um arbusto em chamas em alguma parte deserta e analfabeta do Oriente Médio e me digam que é daí que vem a revelação. Não acredito que sejam capazes de fazê-lo. Ou leiam uma página de Stephen Hawking sobre a absoluta magnificência e consistência na beleza subjacente, como Einstein disse “O grande milagre da física é que não existem milagres”.

Ela continua carregando tudo junto com o tempo. Não há interrupções em sua ordem. Não há suspensões da física só para agradar Josué ou só para agradar alguma seita, tribo ou grupo. Não. É muito, muito muito mais impressionante que isso.

Hawking tem um colega que observou o horizonte de evento de um buraco negro. Se você pudesse viajar em direção a um buraco negro, ainda não é impossivel fazer, mas se você pudesse, em teoria, o horizonte de evento é o ponto no qual um buraco negro está atraindo tudo para dentro dele mesmo. Assim, passando pelo buraco negro vai a própria luz. Ele é tão forte que pode atrair a luz para dentro de si mesmo. É realmente espantosamente inspirado. É muito mais, digamos, que um bando de porcos infestados de demônios correndo colina abaixo até o mar, como um artigo de bruxaria e um tipo de truque barato. Isto não deve impressionar nehuma pessoa pensante.

Pensem em um buraco negro em vez disso atraindo a luz para si mesmo, o horizonte de evento tão somente reorganizando a natureza. De modo que se você pudesse chegar até a borda do horizonte de evento e cair, entrar nele, você em teoria poderia ver o passado e o futuro esticando atrás e diante de você. Você veria o tempo, exceto que você não teria tempo para isso. É claro que se você fosse um mero primata como nós somos. Mas Hawking tem um colega que diz que se ele soubesse que estivesse morrendo de uma doença terminal é assim que ele queria ir, passando pela borda do horizonte de evento. Isto seria majestade. Isto seria magnificência. Isto seria espantosamente inspirador. Isto seria apocalíptico.

Assim como é no mundo natural, como é no mundo da ciência, no mundo da inovação, da descoberta e da dúvida, não seríamos capazes de descobrir nenhuma dessas coisas, se tívéssemos tomado a estória religiosa como certa para começar. Nós teríamos tido que nós já sabemos o suficiente. Nós sabemos! Deus fez assim, Deus quer dessa maneira!

Por que a necessidade de perguntar? Nós já temos toda a informação que precisamos. A grande diferença entre este lado da mesa, o meu lado, e o outro, é esta. Estou absolutamente certo que talvez eu não saiba mas que talvez possa ser possível descobrir. E que a dúvida, o ceticismo e a inovação e investigação são os únicos meios pelos quais a maravilha e a beleza, o espanto e a simetria serão descobertos.

E além destes picos, nós ainda poderemos ver novos picos maravilhosos que se elevarão. Ao passo que no outro lado da mesa foi dito que nós já temos a certeza. Nós sabemos que Deus nos criou. E nós mesmos alegamos conhecer a sua mente e o que ele quer de nós. Eu tão somente os convido a abrir suas mentes para a possibilidade de que o cético, o questionador e o duvidoso serão melhores do que qualquer coisa que chama a si própria de fé. Porque qualquer coisa que chama a si própria de fé chama a si própria de certeza. E para certeza eu acho que não há lugar em um instituto de pensamento intelectual e de educação mais elevada. Eu fico muito agradecido a vocês por me concederem a chance de dizer isso. Obrigado.


Material selecionado pelo irmão Roberto C. Paula para estudo em Loja realizado em 08.09.15.

"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.

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