quarta-feira, 8 de agosto de 2012

As bases da meditação



BASES DO BUDISMO

Uma pessoa com a mente instável,
que não compreende o verdadeiro Dhamma,
que tem convicção hesitante:
a sabedoria não chega à sua plenitude.

Dhammapada 38



Porque devo meditar?

A resposta é simples, para desfrutar da verdadeira felicidade. Todos nós sabemos o que é sentir-se feliz. Já sentimos isso várias vezes. O problema é que invariavelmente esse sentimento de felicidade não dura, acaba desaparecendo. Quantas vezes não desejamos obter algo acreditando que aquilo traria a verdadeira felicidade. Obtendo aquilo que desejamos, o sentimento de felicidade pode ser extremamente intenso e recompensador, mas passado algum tempo já não sentimos mais a mesma coisa e até começamos a ver defeitos naquilo que antes parecia completamente perfeito. A nossa reação, regra geral, é colocar defeito no objeto. Ou seja, se aquilo que obtivemos não trouxe a felicidade completa e duradoura é porque não encontramos a coisa certa e assim saímos em busca de alguma outra coisa que seja perfeita e duradoura. E assim seguimos na nossa busca sem fim.

Mas há uma felicidade que é perfeita e duradoura, que não desaparece e que não depende das circunstâncias. A verdadeira felicidade está no interior, nas nossas próprias mentes, não pode ser encontrada no mundo, lá fora. Essa felicidade não é egoísta pois não precisa tomar nada de ninguém e não causa nenhum tipo de dano a ninguém, pois se a nossa felicidade tiver que depender de tomar algo de outras pessoas ou do sofrimento de outras pessoas, elas de alguma forma irão tentar dar um fim nisso. A felicidade que vem do interior não precisa ter um fim e não precisa tomar nada de ninguém, sendo portanto um ato de sabedoria e um ato de compaixão. Para encontrá-la, o único método possível é a meditação.


Entendendo a mente

A meditação é como uma expedição exploratória no interior das nossas mentes. Um processo investigatório que tem dois objetivos. O primeiro é entender como a mente funciona e o segundo é treiná-la.

Entender como a mente funciona significa compreender porque em determinadas situações acabamos agindo ou dizendo coisas que acabam ferindo até mesmo pessoas que queremos muito e a nós mesmos. Coisas das quais acabamos nos arrependendo mais tarde. Ou porque as coisas que obtemos e que nos trazem tanta felicidade, passado algum tempo perdem valor.

Treinar a mente significa deixar de lado aqueles hábitos mentais que acabam produzindo uma felicidade apenas temporária, que prejudicam os outros e a nós mesmos, e que nos afastam da verdadeira felicidade. Além disso, treinar a mente significa cultivar, desenvolver, aqueles hábitos que irão beneficiar os outros e a nós mesmos e que conduzem à verdadeira felicidade.

O objetivo da meditação não é curar um determinado mal-estar emocional que a pessoa possa estar sentindo, mas sim atacar o problema na sua raiz eliminando as causas que dão origem a todos os tipos de mal-estar mental e que impedem a verdadeira felicidade.


Quantos tipos de meditação existem?

Existem vários tipos de meditação no Budismo, mas para atingir os objetivos descritos acima, há dois tipos de meditação que são os mais adequados. Uma é a meditação da concentração e a outra é a meditação de insight. Os dois tipos também são conhecidos como samadhi e vipassana em Pali (shamatha e vipayshana em Sânscrito).

A meditação da concentração visa acalmar e tranquilizar a mente enquanto que a meditação de insight visa ver as coisas que ocorrem na nossa mente como elas na verdade são. Para dar um exemplo, imaginemos um lago com águas cristalinas, tão limpas que nos permita ver o fundo, ver as pedras e o cascalho, os peixes nadando. Agora imaginem a superfície do lago com ondas agitadas pelo vento, seria possível ver até o fundo do lago? Muito provavelmente não, a superfície do lago tem de estar calma, sem ondas, sem nenhuma agitação. Assim é como funciona a meditação da concentração, que tem como objetivo subjugar a agitação natural da mente para poder ver melhor o que está acontecendo. Agora imaginem que a superfície do lago está calma, a pessoa que está olhando é capaz de ver e apreciar aquilo que está na água, agora se essa pessoa tiver conhecimentos de biologia, geologia ou ecologia, ela poderá apreciar aquilo que está vendo num grau muito mais completo e profundo do que uma que não tenha esse tipo de conhecimento. De modo semelhante com a meditação de insight, que possibilita ao meditador enxergar e entender completa e profundamente aquilo que está ocorrendo na sua mente. Mas isso também implica que há um certo referencial para a prática da meditação de insight que são exatamente os ensinamentos do Buda sobre a realidade das coisas. Praticar a meditação de insight sem esse referencial é perda de tempo. Esse referencial pode ser obtido através do estudo dos ensinamentos Budistas.


BASES DO YOGA

É abrir a grande estrada principal que leva o aspirante diretamente ao destino da Consciência Divina. É conduzir os yogis às alturas do Asamprajñata Samadhi; é conduzir os devotos à ponte suspensa que lhes permite atravessar facilmente para a outra margem e beber o mel da bem-aventurança e o néctar da imortalidade. (Swami Sivananda)

O yogi senta-se num lugar isolado e entrega-se à meditação e a profundos pensamentos.
Assim sentado, domina a sua mente e dirige a um pensamento a um ponto de concentração, retendo, ao mesmo tempo, as impressões dos sentidos e não deixando entrar na mente pensamentos que vagueiam.

Nessa posição, conservando calma e persistência, purifica a sua alma, dirigindo a consciência ao Eu Real, ao Absoluto, que é a base de todos os seres. (Bhagavad Gita VI.10-12)

Na visão de Patanjali, no Yoga Sutra, texto autorizado do Yoga, dhyana, ou meditação, corresponde ao sétimo passo (anga) na senda da iluminação e está assim definido: “Meditação (Dhyana) é o fluxo ininterrupto de pensamento voltado para o objeto de concentração.” Yoga Sutra, III.2

Dhyana decorre de pratyahara e dharana. Pratyahara é a reeducação dos sentidos por meio do recolhimento. Isso conduz à dharana (concentração), que é o focar a mente num objeto de concentração. Enquanto os sentidos não estiverem devidamente recolhidos, a concentração não ocorre, pois a mente segue os sentidos. Em dharana, a mente necessita ser recolhida e focada, mas para isso os sentidos devem já ter realizado o devido recolhimento.

Três são as condições iniciais necessárias para que a mente realize a concentração: parar, acalmar e concentrar. Em um estado de agitação não pode haver concentração, por isso o estado de relaxamento é a condição básica para que a mente serene. Parar significa voltar-se para dentro de si mesmo, recolher os sentidos que se perdem nas distrações do mundo e trazê-los para o momento presente. Não importa o que estejamos fazendo, fazemos sustentados pela presença do agora.

Acalmar simboliza restabelecer o fluxo da respiração, apaziguar o coração e gerar uma mente não-reativa, livre de toda a pertubação, sem identificação, apego ou aversão.

Concentrar é conduzir todas as sensações, emoções e pensamentos em uma única direção. É ajustar o foco, buscar o centro. Na periferia, a mente distrai a ação. No centro, ela concentra a ação. Uma ação concentrada é plena, inteira, livre de reação.

A serenidade é um dos atributos para a clara percepção que desabrocha na qualidade da reta ação. Toda ação mobiliza um estado mental e quando treinamos a mente a estar atenta naquilo que estamos fazendo, geramos o poder de nutrir a mente atentiva. A atentividade é o fruto das ações realizadas com plena atenção. Podemos estar numa atitude de meditação ao longo do dia, quando a mente se estabelece no presente e entra em contato com a natureza da ação que está sendo realizada. A inteireza no momento presente é o que determina uma mente capaz de atingir uma visão mais ampla da realidade das coisas e de ver as coisas como elas realmente são.


BASES DA CIÊNCIA

A meditação fortalece o cérebro

Pesquisadores americanos descobriram mais evidências de que meditar fortalece o cérebro. Estudos anteriores feitos pela Universidade da Califórnia (UCLA), nos Estados Unidos, já haviam sugerido que meditar durante anos torna o cérebro mais espesso e fortalece conexões entre células cerebrais.

As novas pesquisas feitas pela mesma equipe californiana revelaram ainda mais benefícios associados à prática. Os resultados foram publicados pela revista Frontiers in Human Neuroscience em 29 de Fevereiro de 2012.

A cientista Eileen Luders e seus colegas do Laboratory of Neuro Imaging da UCLA dizem ter encontrado indícios de que pessoas que meditam durante muitos anos têm quantidades maiores de dobras no córtex cerebral do que pessoas que não meditam. Isso poderia acelerar o processamento de informações.

A equipe também encontrou uma relação direta entre a quantidade de dobras e o número de anos durante os quais a pessoa meditou. Isso pode talvez ser mais uma prova da neuroplasticidade do cérebro - a habilidade do órgão de se alterar, ou se adaptar, em resposta a estímulos externos.


Córtex

O córtex é a camada externa do cérebro e tem papel fundamental na memória, atenção, pensamento e consciência. Os dobramentos corticais são o processo pelo qual a superfície do cérebro se altera para criar sulcos e dobras. Sua formação pode promover e melhorar os processos nervosos.

Presume-se, portanto, que quanto mais dobras se formam, maior a capacidade do cérebro de processar informações, tomar decisões e formar memórias. "Em vez de simplesmente comparar pessoas que meditam com as que não meditam, queríamos ver se havia uma relação entre a quantidade de prática da meditação e o grau de alteração do cérebro", disse Luders. "Quer dizer, associar o número de anos de meditação com a incidência das dobras".


Testes

Os pesquisadores fizeram exames de ressonância magnética em 50 praticantes de meditação - 28 homens e 22 mulheres. Esse grupo foi comparado a outro, de não praticantes, com idade e sexo equivalentes. Os praticantes haviam meditado em média 20 anos. Os tipos de meditação eram variados, entre eles a meditação Vipassana.


A equipe disse ter encontrado grandes diferenças na incidência das dobras em participantes que praticavam meditação. Para os pesquisadores, a revelação mais interessante foi a correlação positiva entre o número de anos de meditação e a quantidade de dobras, especialmente em uma estrutura do cérebro conhecida como ínsula.


Emoção e Cognição

Sabe-se que a ínsula está associada às emoções humanas. E que lesões nessa estrutura podem resultar em apatia, perda de libido e alterações na memória.

"Talvez (a descoberta) mais interessante tenha sido a relação positiva entre o número de anos de meditação e a quantidade de dobramentos insulares".

Embora ainda falta determinar as exatas implicações funcionais dos maiores dobramentos corticais, estas descobertas sugerem que a insula é uma estrutura chave no processo de meditação. Por exemplo, as variações na complexidade da ínsula podem influenciar o controle das bem conhecidas distrações no processo de meditação como por exemplo sonhar acordado, distrações e projetar-se ao passado ou ao futuro.

Além disso, dado que os meditadores são conhecidos como mestres em introspecção, atenção e controle emocional, a maior incidência das dobras na ínsula refletem a integração dos processos autonomicos, emocionais e cognitivos.

Luders adverte que fatores genéticos e ambientais podem ter contribuído para os efeitos observados. Ainda assim, "a relação positiva entre as dobras e o número de anos de prática dá suporte à ideia de que a meditação aumenta a incidência das dobras".


Estudo indica que com apenas uma hora de meditação a dor é reduzida
Agência France-Presse 6 de Abril de 2011


Washington, EUA - Um estudo divulgado recentemente revela que um principiante com apenas 80 minutos de treinamento na prática de meditação pode produzir efeitos poderosos de redução da dor no cérebro.

"Este é o primeiro estudo demonstrando que um pouco mais de uma hora de prática de meditação pode reduzir de forma dramática a experiência da dor e a ativação das áreas do cérebro relacionadas com a dor", afirmou Fadel Zeidan, autor do estudo e membro da equipe de pesquisas de pós-doutorado do Wake Forest Baptist Medical Center na Carolina do Norte. Ele ainda explicou que "Este estudo demonstra que a meditação produz efeitos mensuráveis no cérebro e pode proporcionar uma maneira eficaz das pessoas reduzirem a sensação de dor sem recorrer a medicamentos."

O resultado do estudo foi publicado na edição de 6 de Abril do Journal of Neuroscience.

"Encontramos um efeito significativo - cerca de 40% de redução na intensidade da dor e 57% de redução na sensação desagradável causada pela dor. A meditação produz uma redução mais significativa na dor do que mesmo a morfina ou outros medicamentos contra a dor, que em geral reduzem a intensidade da dor por volta de 25%", ele acrescentou.

Os pesquisadores trabalharam com um grupo de 15 voluntários com boa saúde que nunca tinham meditado. Os voluntários foram treinados durante 20 minutos por dia, ao longo de 4 dias, para aprender a meditar trabalhando com a respiração e deixando de lado as emoções e os pensamentos. Antes e depois da meditação a atividade cerebral dos participantes foi monitorada com um tipo especial de imagem por ressonância magnética (MRI).

Denominada "arterial spin labeling magnetic resonance imaging" (ASL MRI), esse exame é capaz de produzir uma melhor leitura de processos cerebrais com duração mais longa, tal como a meditação, do que um exame MRI tradicional do cérebro. Enquanto estavam sendo submetidos ao exame ASL MRI um dispositivo produzindo calor foi colocado na coxa direita dos participantes. Esse dispositivo aqueceu durante 5 minutos uma pequena área da pele a uma temperatura de 120oF (49oC), o que para a maioria das pessoas provocaria uma reação de dor.

O exame feito depois da meditação mostrou que a intensidade da dor sentida por todos participantes foi reduzida, com diminuições entre 11% e 93%, afirmou Zeidan. Por outro lado, a meditação também reduziu a atividade somatosensorial no córtex primário, uma área que está envolvida na criação da sensação de localização e intensidade de um determinado estímulo sensorial de dor.

O exame feito antes do treinamento na prática da meditação mostrou que a atividade nesta área era bastante alta; mas ao fazerem o exame durante a meditação, a atividade nesta região, que é muito importante no processamento da dor, não foi detectada, é como se essa área tivesse sido desligada.

As áreas do cérebro responsáveis pela manutenção do foco e pelo processamento das emoções também estiveram mais ativas durante a meditação e a atividade foi mais intensa entre os participantes que relataram a maior redução na sensação de dor. "Uma das razões porque a meditação pode ter sido tão eficaz em bloquear a dor é que a sua atuação ocorre não somente numa área do cérebro, mas ao invés disso reduz a dor em múltiplos níveis de processamento," completou Zeidan.

Em geral é entendido que a meditação alivia a dor não através da diminuição da sensação mas ajudando as pessoas a controlar de modo consciente a percepção da dor, diz Katharine MacLean, Ph.D., uma pesquisadora dos efeitos da meditação na Johns Hopkins University, em Baltimore.

No entanto, ela diz, o exame do cérebro deixa claro que ambos processos estão ocorrendo: a meditação muda a natureza da dor antes desta ser percebida e também possibilita que as pessoas saibam melhor como lidar com a dor. "A meditação é na verdade um tipo de afinação do cérebro," diz MacLean.

A técnica de meditação empregada no estudo é denominada "atenção plena (mindfulness)". Empregando a respiração como âncora o meditador observa, sem fazer julgamentos, tudo que estiver ocorrendo no corpo e na mente.


Cérebros de Monges Meditadores Budistas são Escaneados

Nova Iorque, EUA (BBC News, 24 Abril 2011) - Num laboratório escondido, próximo a uma rua movimentada em Nova Iorque, um neurologista vem colocando monges Budistas Tibetanos numa máquina do tamanho de um carro, para escanear o seu cérebro de modo a melhor entender a antiga prática de meditação.

Mas poderia essa pesquisa incomum não somente revelar os segredos de uma vida harmoniosa mas também ajudar a entender algumas das mais misteriosas doenças do mundo?

Zoran Josipovic, um cientista pesquisador e professor adjunto na New York University, diz que ele tem observado os cérebros dos monges durante a meditação para entender como os cérebros se re-organizam durante esse exercício.
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Desde 2008, o pesquisador tem colocado as mentes e corpos de proeminentes figuras Budistas numa máquina de imagem por ressonância magnética funcional (fMRI) que pesa 5 toneladas. O escaneamento segue o fluxo sanguíneo no cérebro dos monges enquanto eles meditam dentro do confinamento da máquina, que produz um ritmo musical ao estar em operação.

O Dr. Josipovic, que também faz um bico como monge Budista, diz que espera descobrir como alguns meditadores atingem um estado de "não-dualidade" ou "unicidade" com o mundo, uma consciência unificada entre a pessoa e o seu meio-ambiente.

"Uma das coisas que a meditação oferece para aqueles que a praticam muito é o desenvolvimento da atenção," diz o Dr. Josipovic, adicionando que o aprimoramento dessa habilidade pode conduzir a um estado com mais tranqüilidade e felicidade.

"As pesquisas da meditação, particularmente nos últimos 10 anos, têm sido muito promissoras porque apontam para uma habilidade do cérebro de mudança e otimização de um modo que antes não se sabia ser possível."

Ao relaxar no estado de unicidade, a rede de neurônios dos praticantes com experiência muda na medida em que a barreira psicológica com o meio ambiente é reduzida, diz o Dr. Josipovic. E essa reorganização no cérebro pode conduzir ao que alguns meditadores afirmam ser uma profunda harmonia com aquilo que os cerca.


Mudando a atenção

A pesquisa do Dr. Josipovic faz parte de um esforço mais amplo para compreender aquilo que os cientistas denominaram o circuito automático no cérebro. Ele diz que o cérebro parece estar organizado em dois circuitos: o circuito extrínseco e o circuito intrínseco, ou automático.

A parte extrínseca do cérebro se torna ativa quando os indivíduos estão focados em atividades externas, tal como praticar esportes ou colocando café numa xícara. O circuito automático está ativo quando as pessoas refletem sobre temas que envolvem elas mesmas e as suas emoções. Mas os circuitos estão ativos ao mesmo tempo apenas raramente. Igual a uma gangorra, quando um está ativado o outro é reduzido.

Essa organização neural permite que os indivíduos se concentrem com mais facilidade num determinado momento numa determinada tarefa, sem ser absorvido por distrações como por exemplo sonhar acordado.

"O que estamos tentando fazer é basicamente identificar as mudanças nos circuitos no cérebro na medida em que a pessoa muda essas formas de atenção," diz o Dr. Josipovic.
O Dr. Josipovic descobriu que alguns monges Budistas e outros meditadores experientes têm habilidade em manter ambos circuitos neurais ativos ao mesmo tempo durante a meditação - isto é, eles encontraram uma forma de manter ambos extremos da gangorra no alto, ao mesmo tempo.

E o Dr. Josipovic acredita que essa habilidade de manter ambos circuitos interno e externo ativos ao mesmo tempo pode fazer com que os monges experimentem uma sensação de unicidade harmoniosa com o meio ambiente.


Introspecção

Antes os cientistas acreditavam que o circuito introspectivo automático no cérebro estava ativo simplesmente quando a pessoa não tinha nenhuma tarefa na qual focar a sua atenção. Mas os pesquisadores descobriram na última década que essa parte do cérebro se enche de atividade quando a pessoa pensa no eu.

O circuito automático veio à luz em 2001 quando o Dr. Marcus Raichle, um neurologista na Washington University School of Medicine no estado de Missouri, EUA, começou a escanear os cérebros de indivíduos que não haviam recebido nenhuma tarefa para ser realizada.

Os participantes rapidamente se entediaram e o Dr. Raichle observou um segundo circuito, que antes não havia sido observado, muito ativo. Mas para o pesquisador não ficou claro porque essa atividade estava ocorrendo.Outros cientistas rapidamente sugeriram que os pacientes do Dr. Raichle poderiam na verdade estar pensando sobre si mesmos.

Pouco tempo depois outros neurologistas, que conduziam estudos empregando filmes para estimular o cérebro, descobriram que quando havia uma trégua nas ações no filme, o circuito automático começava a brilhar - indicando que os participantes no estudo poderiam ter começado a pensar em si mesmos devido ao tédio.

Mas o Dr. Raichle diz que o circuito automático é importante não somente para pensar na janta da noite passada.

"Os pesquisadores têm se debatido com essa idéia de como sabemos que somos quem somos. O circuito automático tem algo da resposta sobre como isso pode ter surgido," ele diz.

E o Dr. Raichle adiciona que aqueles que estudam o circuito automático também podem ajudar a desvendar os segredos que cercam alguns distúrbios psicológicos, como a depressão, autismo e até mesmo Alzheimer.

"Se você analisar a doença de Alzheimer e verificar se há alguma região em particular do cérebro afetada, o que é surpreendente, é que na verdade a doença afeta o circuito automático," diz o Dr. Raichle, adicionando que a pesquisa do circuito intrínseco, tal como a feita pelo Dr. Josipovic, pode ajudar a explicar porque acontece isso.
Cindy Lustig, professora assistente de psicologia e neurologia na Universidade de Michigan concorda.

"É um circuito importante mas pouco estudado no cérebro que parece estar muito envolvido em muitos distúrbios neurológicos, incluindo o autismo e Alzheimer, e é importante compreender como esse circuito interage com o circuito orientado para tarefas (extrínseco)," ela diz. "É como se fosse a outra peça do quebra-cabeças que foi ignorada durante muito tempo."

O Dr. Josipovic escaneou os cérebros de mais de 20 meditadores experientes, ambos monges e monjas, que estudam o estilo de meditação do Budismo Tibetano, para melhor entender esse circuito misterioso.

Ele diz que a sua pesquisa, que será publicada em breve, irá por enquanto continuar se concentrando na explicação das implicações neurológicas da unicidade e da tranqüilidade - embora a melhora no entendimento, como parte do processo, do autismo e Alzheimer, seria um bônus significativo.


Referências bibliográficas


- disponível em
http://www.acessoaoinsight.net/arquivo_textos_theravada/indice_textos.php, em 07/08/12
- Packer, Maria Laura Garcia. A senda do Yoga. Brasília : Editora teosófica, 2008.

Vídeo e textos selecionados pela irmã Dafne Pires Pinto para estudo em Loja realizado em 7 de agosto de 2012.


"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.

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