Sem
bondade e amor, não somos educados (2)
"Felizmente,
ainda sabemos pouquíssimo sobre toda essa luta" prosseguiu o primeiro, mas
o que o senhor menciona já está potencialmente em nós. Eu quero ser um
engenheiro famoso, quero vencer todos os
outros; portanto, tenho de trabalhar e conhece as pessoas certas; preciso
planejar calcular o futuro. Devo abrir meu caminho na vida."
Aí
está. Todos dizem que devem abrir seu caminho pela vida; cada um por si, seja
em nome dos negócios, da religião ou do país. Você quer ser famoso, e o mesmo
quer o seu vizinho, e o mesmo quer o vizinho dele; e é assim com todos, desde o
mais alto ao mais baixo na Terra. Assim, construímos uma sociedade baseada em
ambição, inveja e aquisição, em que cada homem é inimigo do outro; e vocês são
"educados" para se conformar a essa sociedade em desintegração, para
se encaixar em sua estrutura perversa.
"Mas
o que podemos fazer?", perguntou o segundo. "Acho que devemos nos
conformar à sociedade ou ser destruídos. Existe alguma saída para isso,
senhor?"
No
presente, vocês são supostamente educados para se encaixar nessa sociedade;
suas capacidades são desenvolvidas para ganhar o sustento dentro desse padrão.
Seus pais, os educadores, o governo, todos estão preocupados com sua eficiência
e segurança financeira, não estão?
"Não
sei do governo, senhor", comentou o quarto, "mas nossos pais gastam
o dinheiro arduamente ganho para permitir que tenhamos um diploma universitário,
para que possamos obter uma forma de sustento. Eles nos amam."
Amam
mesmo? Vejamos. O governo deseja que vocês sejam eficientes burocratas para
dirigir o Estado, bons trabalhadores industriais para manter a economia e
soldados capazes de matar "o inimigo"; não é assim?
"Suponho que o governo queira isso. Mas nossos
pais são mais bondosos; eles pensam em nosso bem-estar e querem que sejamos
bons cidadãos."
Sim,
eles querem que vocês sejam "bons cidadãos, o que significa ser
respeitavelmente ambicioso, perpetuamente acumulador e participante da
crueldade socialmente aceita que se chama competição, para que eles possam
estar seguros. Isso é o que constitui o assim chamado bom cidadão; mas será de
fato bom ou algo muito maléfico? Vocês dizem que seus pais os amam; mas será
mesmo? não estou sendo cínico. O amor é uma coisa extraordinária; sem ele a
vida é estéril. Vocês podem ter muitas posses e ocupar o trono do poder, mas,
sem a beleza e a grandeza do amor, a vida logo se torna infelicidade e
confusão. Amor indica que aqueles que são amados recebem total liberdade para crescer
em sua plenitude, para ser algo maior do que meras máquinas sociais, não é? O
amor não obriga, nem abertamente nem por ameaças sutis de deveres e
responsabilidades. Onde há qualquer forma de coerção ou uso de autoridade, não
há amor.
"Não acho que este seja o tipo exato de
amor de que meu amigo estava falando", disse o terceiro.
"Nossos pais nos amam, mas não dessa
maneira. Conheço um garoto que quer ser artista, mas o pai quer que ele seja um
homem de negócios e ameaça abandoná-lo se o filho não cumprir esse dever."
O
que os pais chamam de dever não é amor, é uma forma de coerção; e a sociedade
apoiará os pais, pois o que eles estão fazendo é muito respeitável. Os pais
estão ansiosos para que o menino encontre um emprego seguro e ganhe algum
dinheiro; mas, com uma população tão enorme, há mil candidatos para cada
emprego, e os pais acham que o menino jamais ganharia seu sustento com arte;
portanto, tentam forçá-lo a abandonar o que veem como um capricho tolo.
Consideram uma necessidade que se conforme à sociedade e que seja respeitável e
seguro, isso é o que chamam de amor. Mas será amor? Ou é medo, coberto pela
palavra amor?
"Quando
você coloca dessa maneira, não sei o que dizer, replicou o terceiro. Existe alguma
outra maneira de colocar? O que acabou de ser dito pode ser desagradável, mas é
um fato. A chamada educação que vocês têm agora, obviamente, não os ajuda a
encarar esse vasto complexo da vida; vocês chegam despreparados e são engolidos
por ele.
"Mas
quem pode nos educar para compreender a vida? Não temos tais mestres, senhor.
O
educador também dever ser educado, Os mais velhos dizem que vocês, a próxima
geração, devem criar um mundo diferente, mas eles não acreditam nisso, de modo
algum. Pelo contrário, com muito pensamento e cuidado, eles se dedicam a
"educá-los" a se conformarem ao velho padrão, com alguma modificação.
Embora digam coisas muito diferentes, os professores e pais, apoiados pelo
governo e pela sociedade em geral, garantem que vocês sejam treinados de modo
que se conformem à tradição e aceitem a ambição e a inveja como o modo natural
da vida. Não estão minimamente preocupados com um novo modo de vida, e é por
isso que o próprio educador não está sendo corretamente educado. A geração
mais velha criou este mundo de guerra, este mundo de antagonismo e divisão
entre homem e homem, e a nova geração segue aplicadamente em seus passos.
"Mas
nós queremos ser educados corretamente, senhor. O que podemos fazer?"
Antes
de tudo, vejam claramente um fato simples: que nem o governo, nem seus
presentes professores, nem seus pais se interessam por educá-los corretamente;
se fosse o caso, o mundo seria completamente diferente, e não haveria guerra.
Assim, se vocês querem ser corretamente educados, terão de faze-lo sozinhos, e
quando forem adultos, vocês se certificarão de que seus próprios filhos sejam
corretamente educados.
"Mas como podemos nos educar corretamente?
Precisamos de alguém para nos ensinar."
Texto selecionado para estudo em Loja realizado em 03.09.13.
"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.
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