Você não é nem terra, nem água, nem fogo, nem ar, nem espaço. A fim de alcançar a libertação, conheça o Self como o testemunho de todos estes e como a própria Consciência. (Astavakra Samhita, Swami Nityaswarupana)
Um modo de descrição usado por
muitos professores é que nós não somos o corpo, pensamentos, sentimentos etc.,
mas o "fundo" em que estes surgem. Assim, temos a metáfora de uma
tela de cinema. Não somos as imagens, que não têm existência real, mas a tela
em si. Atmananda Krishna Menon usou a metáfora de uma rocha, com rostos
esculpidos nela. Olhando para ele, temos a tendência de ver os rostos sem
perceber que eles são apenas rochas. Quando olhamos para um livro, vemos as
palavras escritas ali e não o papel que é o verdadeiro substrato. Sempre
estamos atraídos pela forma e perdemos a essência.
No que respeita à identificação com
a mente, Sri Poonja fala da necessidade de olhar para o intervalo entre
pensamentos:
Nesse intervalo há Consciência. Entre
duas nuvens, há um intervalo e esse intervalo é o céu azul! Desacelere os
pensamentos e olhe para os intervalos. Sim! Olhe para os intervalos e preste
mais atenção ao intervalo que à nuvem!
O primeiro pensamento foi embora,
outro não surgiu, Isto é consciência, Isto é liberdade. Este é o seu próprio
lugar, a sua própria morada. Você está sempre lá, veja.
Desloque a atenção, mude a gestalt.
Não olhe para a figura, olhe para o fundo! Se eu colocar um grande quadro negro
do tamanho da parede aqui e marcá-lo com um ponto branco e perguntar-lhe:
"O que você vê?" Noventa e nove por cento de vocês não vai ver o
quadro negro! (Risos) Você vai dizer: "Eu vi uma pequena mancha
branca". Um quadro negro enorme e não é visto, e apenas uma pequena mancha
branca, que é quase invisível, é vista !! Por quê? Porque este é o padrão fixo
da mente: olhar para a figura, e não para o quadro-negro; olhar para a nuvem, e
não para o céu; olhar para o pensamento, não para a consciência.
Isso é tudo que o ensinamento é.
Sempre olhe para a Consciência. Sempre olhar para a Consciência e saber que
isso é o que você é! Este é o seu próprio lugar, a sua própria morada.
Permaneça Aqui. Ninguém pode tocar em você. Quem pode entrar Aqui onde você
está? Mesmo a sua mente não pode entrar. (The Truth Is)
Outra metáfora é a de um espelho. O
espelho representa o nosso Eu verdadeiro e é a única realidade; o resto é mero
reflexo. Swami Chinmayananda expande esta metáfora em seu comentário sobre o
Astavakra Gita:
Assim como um espelho existe dentro e
fora da imagem refletida nele, assim o Ser Supremo existe dentro e fora deste
corpo. (Astavakra Gita I.19)
Com referência a uma sala, ou um pote,
podemos qualificar o espaço como espaço interior e espaço externo. Mas quando o
pote é quebrado ou as paredes removidas, há apenas um espaço que tudo permeia.
Similarmente, enquanto aquele que busca estiver dentro de seus
condicionamentos, ele medita sobre o seu Self, como o Puro Sujeito dentro de si
mesmo. Mas ao apreender o Self, ele experimenta Sua Natureza Infinita
totalmente permeante.
Para comunicar esta idéia, Astavakra
usa aqui um exemplo muito original. O reflexo está no espelho e o espelho se
difunde dentro e fora do reflexo apanhado nele. O reflexo não tem existência
separada do espelho. Mesmo quando o reflexo não está lá, o espelho continua a
estar. Similarmente, a Consciência refletida nos três corpos - o grosseiro, o
sutil e o causal - parece dançar ao ritmo dos corpos e este reflexo, apanhado
em nosso peito, é o ego.
A existência mesma dos três corpos é
provocada por suas próprias ilusões. Eles são sobrepostos ao Self pela
"ignorância." Assim como a informação está dentro da visão dupla, o
Self está dentro do corpo.
Mas o Self Infinito, a Consciência,
está dentro e fora do ego individualizado e seus materiais envoltórios. Assim
como o reflexo não perturba de modo algum o meio refletor, assim também o Self
não é afetado pela superposição dos equipamentos, ou o reflexo do ego.
(Astavakra Gita, Commentary)
O processo descrito acima, então, é
de negação - neti, neti -
rejeitando todas as coisas que nós não somos, a fim de descobrir o que
realmente somos. É um paradoxo aparente, então, ser dito mais tarde que tudo é
Brahman, ou Consciência, incluindo todos os aspectos que acabamos de
supostamente rejeitar. Swami Parthasarathy aborda esta confusão em seu
comentário sobre o Atmabodha:
Tudo o que é visto ou ouvido não pode
ser algo diferente de Brahman e na realização da Verdade Brahman é reconhecido
como existência, conhecimento, bem-aventurança e não dual. (Atmabodha Verso 64)
O verso anterior afirma que o universo
é algo diferente de Brahman enquanto este verso declara que o universo (o que é
visto ou ouvido) não é nada diferente de Brahman. Estas duas declarações
apresentam uma contradição aparente por causa dos dois ângulos a partir do qual
o universo é visto. Para quem não realizou Brahman o universo parece real, ele
se envolve com os objetos e seres transitórios no universo que ele percebe. A
fim de libertá-lo de seus envolvimentos, a Realidade infinita e imperecível é
apontada a ele como diferente do universo finito, perecível. Mas aquele que
realizou o Self na experiência homogênea de pura Consciência vê o universo como
em nada diferente de Brahman. (Atmabodha (Knowledge of Self))
Ele passa a explicar que os nossos
estados normais de consciência - vigília, sonho e sono profundo - estão no
nível daquilo que surge. A realidade é o fundo não dual desses estados. Assim
como nossos sonhos parecem reais para o sonhador, assim também este mundo que
surge parece real àquele no estado de vigília. Mas, ao acordar, percebe-se que
esses sonhos não são nada mais que uma ilusão gerada pela mente.
Da mesma forma somente ao despertar na
consciência divina você vai apreciar e realizar a verdade impressionante de que
não existe nada que seja diferente de Brahman em nenhuma parte. Até que esse
estado supremo seja alcançado, o universo parece real. Vivendo em seu atual
estado de ignorância, você tem que aceitar o mundo que você experimenta. Mas,
ao mesmo tempo, tentar contemplar e perceber a verdade proclamada por almas que
realizaram o Self de que apenas Brahman existe. (idem)Texto selecionado para estudo em Loja em 09.06.15
"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.
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