Em última análise, a questão "Quem sou eu" não pode ser respondida. Quem eu sou é o sujeito último. Apenas o que é objetivo pode ser pensado ou falado. A linguagem é da natureza da dualidade de modo que, se a realidade é não dual, como afirmado pela Advaita, então nem livro nem professor pode descrevê-la. Por outro lado, se formos capazes de falar sobre isso de algum modo, então podemos estar certos de que não somos isso. Jean Klein fala precisamente sobre este problema em seu livro "I Am":
Um homem pode se perguntar muitas
questões em sua vida, mas todas elas giram em torno de uma pergunta: "Quem
sou eu?" Todas as perguntas tem sua origem nela. Assim, a resposta à pergunta
"Quem sou eu?" é a resposta para todas as perguntas, a resposta
final. Mas temos de ser muito claros sobre certas coisas, para que não nos
apropriemos desta questão como apenas mais uma idéia entre muitas.
Um homem sempre fala de si mesmo como
um eu e dá a esse eu muitos papéis: eu corro, eu como, eu estou com fome, eu
estou sentado, dormindo. Todas estas atividades se referem ao corpo que ele
acredita firmemente ser. Ele também diz: eu me lembro, eu acho, eu estou
surpreso, preocupado, etc., etc. Assim, ele também toma a si mesmo como seus
pensamentos. O eu imagem (I-image) se identifica com o corpo e a mente. Mas se
observarmos as coisas mais de perto, em breve perceberemos que é o corpo que
está fazendo a ação e a mente o pensamento. Estas são ferramentas da
consciência que funcionam sem qualquer eu imagem ...
A pergunta "Quem sou eu?"
brota do "eu sou". A resposta já está presente antes mesmo da
pergunta ser feita, a questão de fato se origina na resposta.
A própria questão, no nível em que é
perguntada, o nível de conflito, não pode dar origem a uma resposta, porque
quando olhamos mais de perto, não podemos colocar a resposta em palavras, muito
menos pensar nisso. No entanto, a força propulsora que nos empurra a encontrar
uma resposta por meio do pensamento finalmente morre, e é reabsorvida na eterna
presença que a tudo responde, Eu Sou.
O Self será sempre um mistério, porque
não pode haver qualquer coisa separada dele para compreendê-lo, analisá-lo ou
entendê-lo.
Sri Poonja Ranjit Maharaj, discípulo
juntamente com Nisargadatta Maharaj de Shri Maharaj Siddharameshwar, disse:
"O que é verdade? Self sem self. (2,11) e seu comentador, Andrew Vernon
explica:
A palavra "self", assim como
a palavra "eu", aponta de volta para a pessoa que está expressando isso.
É uma palavra "reflexiva", que indica o sujeito eterno, em vez de um
de seus objetos. O verdadeiro proprietário da palavra Self é o ùnico que está
sempre presente, a essência mesma da realidade, a própria realidade. É uma
palavra muito sagrada e recebe a letra maiúscula "S." Por outro lado,
o pequeno ego self recebe uma letra minúscula "s" para indicar sua
insignificância. Ele é rejeitado, descartado como impostor que é. Este self
fraudulento rouba-lhe o seu direito de nascença, que é conhecer a você mesmo
como você realmente é, o Self universal e sempre livre de tudo.
e "A Realidade é o meu Self.
(2,19), com o comentário:
Para encontrar uma xícara no escuro,
você precisa de olhos e uma lâmpada, mas para encontrar uma lâmpada no escuro,
você só precisa de olhos, não precisa de uma lâmpada. A realidade é
autoevidente, autoluminosa. Você não precisa de qualquer coisa externa para
encontrá-la, porque ela já é o que você é. Quando o conhecimento do Self
ocorre, torna-se muito claro que você e a realidade são uma e a mesma coisa, e
que sua natureza é brilhante e pura como uma chama que está sempre queimando.
(The Way of the Bird)
Alguns dos modernos escritores e
professores Neo Advaitas também têm algumas coisas muito úteis para dizer. Leo
Hartong é um dos mais claros deles e seu livro "Despertar para o
Sonho" é muito recomendado. Aqui está o que ele tem a dizer em resposta à
pergunta "Quem sou eu?":
Ramana Maharshi recomendou que se
investigue fazendo a pergunta "Quem sou eu?" Quando perguntado sobre
quem você é, pode haver uma hesitação sobre o que responder, mas quando
perguntado se você existe, não existe essa dúvida. A resposta é um sonoro
"Sim, é claro que eu existo." Quando a resposta à primeira pergunta
for tão clara como a resposta à segunda pergunta, então há entendimento.
A realização é que ambas as questões
têm, de fato, a mesma resposta. Aquilo que é certo da própria existência - a
certeza mais íntima de que Eu Sou - é o que você é essencialmente. Em outras
palavras: Eu Sou esse conhecimento que sabe que Eu Sou. Os hindus dizem "tat tvam asi" (você é Aquilo). No Antigo
Testamento, Deus diz: "Eu Sou o que Sou." Este inegável "Eu
Sou" não é no sentido pessoal, mas o Self universal. Ramana Maharshi
chamou a unidade fundamental "Eu
Sou" e o Self universal "Eu-Eu".
Olhando a partir deste entendimento,
eu vejo como os pensamentos aparecem em "minha" percepção como nuvens
em um céu claro e, em seguida, dissolvem de volta sem deixar vestígios. Não há
nem necessidade de dizer que os pensamentos aparecem em minha consciência. Na consciência é suficiente.
Pensamentos e tudo o mais simplesmente acontecem. Tudo é, sem um "eu"
orquestrando por trás dos bastidores. O ego é tão não essencial para o
pensamento ou para o funcionamento geral do organismo corpomente como é Atlas
para apoiar os céus. Assim como os antigos gregos, em algum momento perceberam
que, na verdade, nunca houve um titã chamado Atlas sustentando o firmamento,
você pode realizar que nunca existiu um ego sustentando a certeza absoluta de
que "Eu Sou". (Awakening to the Dream)Texto selecionado para estudo em Loja em 09.06.15
"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.
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