quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Sam Harris: A Morte e o Momento Presente

Transcrição do vídeo [29:41:00]

Talvez você queira ajeitar a postura para ficar mais confortável sentado.
Apenas sinta-se sentado, ocupando o seu lugar.
Faça algumas respirações profundas.
Agora deixe a gravidade fixar você ao assento.
Simplesmente deixe a respiração ir e vir naturalmente.
Tome consciência da sensação de estar sentado.
Sinta o peso do seu corpo.
Sinta o peso em seus braços e ombros.
Sinta as costas e as pernas em contato com o assento.
Agora observe o seu corpo, não importa a sua impressão, não importa as sensações que você notar, sensações de pressão, vibração, calor, tensão, dor, etc., o que surgir.
Tente sentir essas sensações tanto quanto possível.
Agora, pouco a pouco, vá percebendo a sensação da respiração, seja onde for que você a sinta, seja na ponta do nariz, enchendo o peito de ar ou esvaziando, com o abdome subindo ou descendo.
Apenas preste atenção às sensações relacionadas com cada inspiração e cada expiração.
Você não precisa controlar a respiração, apenas deixe-a ir e vir.
Veja se você consegue sentir a próxima inspiração a partir do momento em que ela surge, indo até o momento em que ela cessa. Faça o mesmo com as expirações.
Ouça os sons nesta sala.
Apenas deixe a sua mente agora ser um espaço aberto, no qual os sons e as sensações surgem.
Não é preciso um esforço heróico para se concentrar.
Apenas observe o que você percebe.
Observe que tudo que você percebe surge espontaneamente.
Não é preciso ir em direção a isso.
Apenas relaxe e perceba a próxima sensação, o próximo som.
Agora  veja se você consegue prestar mais atenção ainda. Existe uma camada de conceitos neste momento que você pode apoiar.
Por um instante, sinta a sensação das suas mãos.
Se você prestar atenção realmente, você verá que, de fato, você não sente o contorno delas.
Você possui uma imagem mental das mãos, mas quando você presta mais atenção, você sente apenas uma sensação natural de formigamento, vibração, pressão, uma nuvem muito mais difusa de sensações.
Veja se você consegue sentir as mãos o suficiente para renunciar à ideia de  contorno.
Faça o mesmo com o resto do corpo.
Veja se você consegue simplesmente deixá-lo dissolver-se numa nuvem de sensação.
Apenas seja o espaço em que cada sensação nova e natural surge.
Sinta a sensação do seu rosto e da sua cabeça.
Pode ser que você sinta que a sua consciência está dentro da cabeça ou atrás do rosto, mas em termos de experiência, será que são apenas mais sensações surgindo na consciência?
O único indício do seu rosto e da sua cabeça é uma sensação que surge na consciência neste momento.
Observe em que tipo de humor você está.
Se você está inquieto ou entediado.
Considere essa própria constelação de energia como um objeto de consciência.
Você sente esses estados de espírito, independente de como eles aparecem no corpo.
Se você está com sono, perceba essa sensação, se ela é um padrão de sensibilidade do rosto e dos olhos.
Os sons, as sensações e os sentimentos estão apenas anunciando esse espaço aberto de consciência.
Você pode notar que à medida que você tenta prestar atenção à sensação natural, os pensamentos interferem continuamente.
Você se descobre pensando, sem saber que está pensando.
No momento em que você percebe isso, no momento que você percebe esse pensamento na mente, tome isso como um objeto de consciência.
Apenas observe se ele é uma imagem visual com linguagem própria e depois volte-se para as sensações e para os sons.
Vamos fazer isso por mais alguns momentos. Por isso permita-se começar de novo como se fosse a primeira vez.
Será que você consegue sentir a próxima respiração?
Ok, agora você pode abrir os olhos.
É fácil você sentir, quando abre os olhos, que algo mudou de maneira fundamental.
Um momento atrás, você parecia estar dentro da sua cabeça, se concentrando na sua experiência interior, mas agora você abre os olhos e você está no mundo novamente, mas nada mudou de maneira fundamental.
O mundo que você vê com os seus olhos está no mesmo lugar que você estava com os olhos fechados.
Ele é. Isso é consciência.
Eu não estou dizendo que o mundo é irreal.
Mas, em termos de experiência, é mais correto dizer que eu e todos aqui existimos na sua consciência, que, então a nossa consciência existe nesta sala, em termos de experiência.
Eis uma maneira de conseguir enxergar: apenas visualize um diamante deste tamanho entre as minhas duas mãos.
Ele está projetado aqui
Dependendo do seu poder de visualização, eu devo parecer ser muito, muito rico.
Mesmo se você for ruim nisso, você provavelmente consegue projetar alguma coisa.
Alguma coisa muda quando eu peço a você para fazer isso.
Substitua-o por um tomate.
Quem consegue, pode levantar a mão?
Quantas pessoas substituem algo como uma impressão visual, ao projetá-la aqui?
Quantos de vocês não têm absolutamente nenhuma ideia do que estou falando?
Eu estou no seu cérebro agora.
Todos aqui estão no seu cérebro.
Eu estou beliscando o seu cérebro.
É a consciência beliscando a consciência.
Tudo que você talvez possa perceber no seu corpo, na sua mente e no mundo só tem um lugar para aparecer: dentro da sua experiência consciente.
Eu não estou dizendo que tudo isso é apenas um sonho.
Mas, em termos neurológicos, é muito parecido com o sonho. É um sonho  condicionado pela entrada de estímulos do mundo externo. E os sonhos que nós chamamos de sonhos noturnos são sonhos que não são condicionados pelo mundo externo.
É por isso que você parece conseguir realizar tudo.
Mas a mente é tudo o que você tem.
É tudo o que você sempre teve.
É tudo o que você tem para oferecer às outras pessoas.
Pode parecer cruel dizer isso. Talvez existam muitos outros aspectos da sua vida que parecem necessitar de serem abordados, quando você está tentando, lutando para encontrar uma carreira, ou quando você está doente, mas ainda continua sendo verdade.
Se você está permanentemente com raiva, deprimido, confuso, mal amado, não importa quão bem sucedido você seja ou quem faz parte da sua vida, você não vai desfrutar de nada disso.
Eu desconfio que todos vocês fazem uma lista de coisas que vocês querem realizar, de coisas que precisam realmente ser modificadas em suas vidas.
Qual é o significado de tudo isso nessa lista?
Cada coisa nessa lista parece prometer que só quando você consegue realizá-la, você tem motivo para simplesmente ser feliz no momento presente.
Todos nós estamos tentando encontrar um caminho de volta para o momento presente e um motivo bom o suficiente para simplesmente ser feliz aqui.
A prática da meditação que eu acabei de demonstrar para vocês é a ″meditação da atenção plena″.  Ela é apenas um artifício para se fazer isso.
É um artifício para você deixar de lado a sua lista de coisas para fazer, ao menos, por alguns momentos, e de fato identificar o sentimento de realização no presente.
Mais uma vez, eu não estou dizendo que tudo na sua lista é um absurdo ou que não vale a pena realizar.
Quanto de insatisfação com o presente você precisa ter para preparar um futuro satisfatório?
Quanto de neurose você precisa ter?
Quanto de infelicidade você precisa ter?
Quanto de estresse você precisa sentir?
Quanto de desagrado você precisa ter para que outras pessoas existam?
Ora, se você fica constantemente ruminando sobre o que você acabou de fazer ou que deveria ter feito ou que teria feito se ao menos você tivesse uma chance, você deixa de viver a sua vida.
Você não consegue se conectar com ela, você não consegue se conectar com outras pessoas.
Quando outras pessoas conversam, você fica esperando elas calarem a boca para você poder dizer o que está pensando em dizer.
Mesmo quando você não tem a oportunidade de falar num momento como esse, quando você só precisa ouvir, a conversa como automaticidade continua, você tem uma voz dentro da sua cabeça que fica dizendo coisas.
Você ainda não percebeu?
A conversa que temos conosco mesmos a cada minuto do dia, ela tem um custo.
Eu não estou dizendo que o pensamento discursivo não é necessário nem útil, mas ele é o mecanismo pelo qual grande parte do nosso sofrimento nos é infligido: a tristeza, a insegurança, a ansiedade e o medo, e também o medo da morte.
Ficar pensando é útil, mas ficar permanentemente perdido em pensamentos não é.
Ser mero refém do próximo pensamento que chega invadindo a consciência não é útil.
Se existe um antídoto para o medo da morte e para a experiência da perda, que seja compatível com a razão, eu acho que ele tem que ser descoberto aqui.
O propósito da vida é bastante óbvio.
Estamos constantemente ...
Por que será que nós criamos cultura e constituímos relacionamentos, além das questões de mera sobrevivência?
Nós estamos constantemente tentando criar e reparar um mundo em que as nossas mentes querem estar.
E sobretudo nós, exclusivamente, dentre toda a humanidade que seja, nós já percebemos que a religião é uma maneira ruim de fazer isso.
Então nós temos que começar uma nova conversa.
Muito obrigado.
Obrigado.  [44:13:00]

Material selecionado pelo irmão Roberto C. Paula para estudo em Loja realizado em 25.08.15 e 08.09.15.

"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.

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