quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Quem fabrica o seu iPhone?

 

Transcrição das legendas:

Acreditem ou não, essa moça nunca viu um iPad antes, apesar de trabalhar mais de 60 horas por semana montando iPads.  Ela é como muitos trabalhadores migrantes rurais da China, que passam horas intermináveis instalando telas, mas nunca veem o produto acabado.

Outro fato estranho:  essa foi a sua única refeição no restaurante, desde que ela começou na Foxconn, uma empresa que produz produtos eletrônicos para as marcas mais valiosas do mundo. Com certeza, uma alteração imposta pela fábrica onde ela trabalha, dorme e come.  Ela não quer ser identificada.
Nós vamos chamá-la de Ms. Chen.  Se ela for pega falando conosco, segundo ela, ela perde o emprego.

- Quando nós estávamos sendo treinados para trabalhar, eles nos disseram que se aceitarmos dar entrevistas, seremos investigados por crime de responsabilidade, de acordo com a lei, e isso realmente é um grande problema.

Ms. Chen é uma dentre mais de um milhão de empregados da Foxconn na China. Ela trabalha nessa fábrica na cidade de Chengdu, instalando telas de iPad.  A empresa fabrica iPads, iPods e iPhones, que fizeram da Apple um ícone cultural e comercial. Mas não existem funcionários iWork aqui, só existem operários.

Ms. Chen diz: 

- Nós trabalhamos sempre que a Foxconn nos manda. Eles usam as mulheres como homens e eles usam os homens como máquinas.  Há uma outra maneira de dizer isso: eles usam as mulheres como homens e eles usam os homens como animais.

Este é o portão principal da fábrica da Foxconn.  Até aqui é onde podemos ir.  Todos os dias, literalmente, dezenas de milhares de operários passam por este portão. Segundo os operários com que falamos, as pessoas não tendem a ficar muito tempo aqui.  Se elas têm alguma queixa, a atitude da direção é Se você não está gostando, pode sair.

Há poucas semanas, operários ameaçaram cometer suicídio em massa numa fábrica da Foxconn em Wuhan, que fabrica produtos da Microsoft.  A Microsoft disse em comunicado que investigou e constatou que a questão estava relacionada às atribuições de pessoal e às políticas de transferência, e não às condições de trabalho.  A empresa informou que trabalha para garantir que os funcionários sejam tratados de forma justa.  A Foxconn diz que já resolveu a questão.

Mas em 2010 a empresa ganhou as principais manchetes, quando mais de doze operários se mataram, forçando a Foxconn a melhorar suas fábricas.  A empresa disse à CNN que aumentou os salários e ofereceu aconselhamento psicológico.  A Foxconn se orgulha de oferecer seguro médico local e condições de trabalho e moradia, que afirma estar entre as melhores na China.

A Apple foi criticada por firmar contratos com fábricas estrangeiras.  Ela sustenta que não trabalha com empresas que não respeitam os seus empregados. Numa mensagem à nossa redação, a Apple rebateu às críticas.  Eles disseram

- Nós cuidamos de cada funcionário na nossa rede mundial.

Ms. Chen, porém, vê isso de modo diferente:  

- Eles cuidam de nós? Não sei.  Pelo menos eu não tenho recebido esse cuidado.

Enquanto a Foxconn insiste que os operários são tratados de forma justa e que os seus direitos são plenamente garantidos, os grupos sindicais afirmam que a empresa favorece somente alguns privilegiados, dentre executivos e gerentes.  Para os outros milhares, ela age num regime militar. Eles denunciam os horários imprevisíveis, impostos pela vontade da Direção, queixas de intervalos inadequados.  Os funcionários são proibidos de conversar no pátio da fábrica.  Como vimos, eles não querem falar nem do lado de fora.

Tivemos de encontrar com Ms. Chen nesse restaurante. Foi uma mudança no itinerário dela. A Foxconn segue cada rastro de tudo.

- É muito tedioso. Eu não suporto mais. Todo dia eu saio do trabalho e vou dormir. Levanto de manhã e vou trabalhar. Isso virou minha rotina diária, e eu me sinto quase como um animal, e eu me sinto quase como um animal.

Esta é só a história dela, mas é uma experiência que se repete em outros lugares com outros operários insatisfeitos da Foxconn. Ela diz que irá sair em breve e voltar para a faculdade, e que ela não tem desejo de voltar aqui.

- Eu não quero trabalhar na Foxconn.
- Você não quer? 
- Não, não quero. 

Mas existe sempre aquela sedução do iPad.

- Você gosta? 
- Eu gosto. Eu quero ter um.
- Você quer ter um? 
- Se você quiser me ajudar com dinheiro suficiente. 
- Dinheiro suficiente? 

Atualmente Ms. Chen diz que ela ganha menos de um dólar por hora.
Stan Grant, CNN, Chengdu

Material selecionado pelo irmão Roberto C. Paula para estudo em Loja realizado em 25.08.15.

"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.

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