É bastante provável que na história do pensamento humano os desenvolvimentos mais fecundos ocorram, não raro, naqueles pontos para onde convergem duas linhas diversas de pensamento. Essas linhas talvez possuam raízes em segmentos bastante distintos da cultura humana, em tempos diversos, em diferentes ambientes culturais ou em tradições religiosas distintas. Dessa forma, se realmente chegam a um ponto de encontro – isto é, se chegam a se relacionar mutuamente de tal forma que se verifique uma interação real -, podemos esperar novos e interessantes desenvolvimentos a partir dessa convergência. (Werner Heisenberg)
As noções gerais acerca da compreensão humana [...], ilustradas pelas descobertas na Física atômica, estão longe de constituir algo inteiramente desconhecido, inédito, novo. Essas noções possuem uma história em nossa própria cultura, desfrutando de uma posição mais destacada e central no pensamento budista ou hindu. Aquilo com que nos depararemos não passa de uma exemplificação, de um encorajamento e de um refinamento da velha sabedoria. (Julius Oppenheimer)
Se buscamos um paralelo para a lição da teoria atômica [...] [devemos nos voltar] para aqueles tipos de problemas epistemológicos com os quais já se defrontaram, no passado, pensadores como Buda e Lao Tsé em sua tentativa de harmonizar nossa posição como espectadores e atores no grande drama da existência. (Niels Bohr)
A grande contribuição científica em termos de Física teórica que nos chegou do Japão desde a última guerra pode ser um indício de uma certa relação entre as idéias filosóficas presentes na tradição do Extremo Oriente e a substância filosófica da teoria quântica. (Werner Heisenberg)
Paralelos
Aqui são apresentadas citações de cientistas (1) e místicos (2) sobre vários temas abaixo, mostrando os paralelos existentes entre as teorias científicas modernas e o pensamento místico oriental.
Além da linguagem
1) O problema mais difícil [...] no tocante à utilização da linguagem surge na teoria quântica. Aqui não nos deparamos de início com qualquer guia simples que nos permita correlacionar os símbolos matemáticos com os conceitos da linguagem usual; e a única coisa que sabemos desde o início é o fato de que nossos conceitos comuns não podem ser aplicados à estrutura dos átomos. (W. Heisenberg)
2) A contradição que se mostra tão enigmática em face do pensamento usual provém do fato de termos que utilizar a linguagem para comunicar nossas experiências íntimas, as quais, em sua própria natureza, transcendem a lingüística. (D. T. Suzuki)
A nova física
1) A grande extensão de nossa experiência nos anos recentes tem demonstrado com clareza a insuficiência de nossas concepções mecânicas simples e, em conseqüência, tem abalado os fundamentos sobre os quais se erguia a interpretação costumeira da observação. (Niels Bohr)
2) Todas as coisas começaram de fato a transformar sua natureza e sua aparência. A experiência que possuímos do mundo é radicalmente diferente [...] Existe uma forma nova, mais vasta e profunda forma de experimentar, de ver, de conhecer, de entrar em contato com as coisas. (Sri Aurobindo)
A unidade de todas as coisas
1) Somos levados a uma nova concepção de totalidade intacta, que refuta a idéia clássica de analisabilidade do mundo em partes separadas e portadoras de existência independente. [...] Invertemos a noção clássica usual de que “as partes elementares” independentes do mundo constituem a realidade fundamental e que os diversos sistemas são simplesmente formas particulares e arranjos dessas partes. Em vez disso, dizemos que o inseparável estado de interconexão quântica de todo o universo é a realidade fundamental, e que as partes capazes de comportamento relativamente independente são simplesmente formas particulares e contingentes desse todo. (David Bohm)
Uma partícula elementar não é uma entidade não-analisável e portadora de existência independente. É, em essência, um conjunto de relações que se voltam para fora em direção a outras coisas. (H.P.Stapp)
O mundo se afigura-se assim como um complicado tecido de eventos, no qual conexões de diferentes tipos se alternam ou se sobrepõem, ou se combinam, determinando, assim, a textura do todo. (W. Heisenberg)
Nada é mais importante acerca do princípio quântico do que isso, ou seja, que ele destrói o conceito do mundo como “algo que existe lá fora”, com o observador em segurança e separado dele por uma chapa de vidro de 20 cm de espessura. Até mesmo para observar um objeto tão minúsculo como um elétron, ele precisa despedaçar o vidro. Precisa atingi-lo. Precisa, então, instalar seu equipamento de medida. Cabe a ele decidir se deve medir a posição ou o momentum. A instalação do equipamento para medir um deles exclui a instalação do equipamento para medir o outro. Além disso, a medição altera o estado do elétron. Depois disso, o universo jamais será o mesmo. Para descrever o que aconteceu, temos que cancelar a velha palavra “observador”, substituindo-a por “participante”. Num estranho sentido, o universo é um universo participante. (John Wheeler)
2) O objeto material torna-se [...] algo diverso daquilo que agora vemos, não um objeto separado, ao fundo ou no meio ambiente, do restante da natureza mas uma parte indivisível e até mesmo, de um modo sutil, uma expressão da unidade de tudo aquilo que vemos. (Sri Aurobindo)
As coisas recebem seu ser e sua natureza por dependência mútua e, em si mesmas, elas nada são. (Nagarjuna)
O Budista não crê num mundo externo independente, ou existindo separadamente, em cujas forças dinâmicas possa se inserir. O mundo externo e seu mundo interior são, para ele, apenas dois lados do mesmo tecido, no qual os fios de todas as forças e de todos os eventos, de todas as formas de consciência e de seus objetos, se acham entrelaçados numa rede inseparável de relações intermináveis e que se condicionam mutuamente. (Anagarika Govinda)
Além do mundo dos opostos
1) Somos levados a uma nova concepção de totalidade intacta, que refuta a idéia clássica de analisabilidade do mundo em partes separadas e portadoras de existência independente. [...] Invertemos a noção clássica usual de que “as partes elementares” independentes do mundo constituem a realidade fundamental e que os diversos sistemas são simplesmente formas particulares e arranjos dessas partes. Em vez disso, dizemos que o inseparável estado de interconexão quântica de todo o universo é a realidade fundamental, e que as partes capazes de comportamento relativamente independente são simplesmente formas particulares e contingentes desse todo. (David Bohm)
Uma partícula elementar não é uma entidade não-analisável e portadora de existência independente. É, em essência, um conjunto de relações que se voltam para fora em direção a outras coisas. (H.P.Stapp)
O mundo se afigura-se assim como um complicado tecido de eventos, no qual conexões de diferentes tipos se alternam ou se sobrepõem, ou se combinam, determinando, assim, a textura do todo. (W. Heisenberg)
Nada é mais importante acerca do princípio quântico do que isso, ou seja, que ele destrói o conceito do mundo como “algo que existe lá fora”, com o observador em segurança e separado dele por uma chapa de vidro de 20 cm de espessura. Até mesmo para observar um objeto tão minúsculo como um elétron, ele precisa despedaçar o vidro. Precisa atingi-lo. Precisa, então, instalar seu equipamento de medida. Cabe a ele decidir se deve medir a posição ou o momentum. A instalação do equipamento para medir um deles exclui a instalação do equipamento para medir o outro. Além disso, a medição altera o estado do elétron. Depois disso, o universo jamais será o mesmo. Para descrever o que aconteceu, temos que cancelar a velha palavra “observador”, substituindo-a por “participante”. Num estranho sentido, o universo é um universo participante. (John Wheeler)
2) O objeto material torna-se [...] algo diverso daquilo que agora vemos, não um objeto separado, ao fundo ou no meio ambiente, do restante da natureza mas uma parte indivisível e até mesmo, de um modo sutil, uma expressão da unidade de tudo aquilo que vemos. (Sri Aurobindo)
As coisas recebem seu ser e sua natureza por dependência mútua e, em si mesmas, elas nada são. (Nagarjuna)
O Budista não crê num mundo externo independente, ou existindo separadamente, em cujas forças dinâmicas possa se inserir. O mundo externo e seu mundo interior são, para ele, apenas dois lados do mesmo tecido, no qual os fios de todas as forças e de todos os eventos, de todas as formas de consciência e de seus objetos, se acham entrelaçados numa rede inseparável de relações intermináveis e que se condicionam mutuamente. (Anagarika Govinda)
Além do mundo dos opostos
1) Se indagarmos, por exemplo, se a posição do elétron permanece a mesma, devemos responder “não”; se indagarmos se a posição do elétron varia com o tempo, devemos responder “não”, se indagarmos se o elétron permanece em repouso, devemos responder “não; se indagarmos se está em movimento, devemos responder “não. (Robert Oppenheimer)
2) Move. Não se move.
Está longe e está perto.
Está dentro de tudo isso,
E está fora de tudo isso. (Upanishads)
A quididade não é aquilo que é existência, nem aquilo que é não-existência, nem aquilo que é ao mesmo tempo existência e não-existência, nem aquilo que não é ao mesmo tempo existência e não-existência. (Ashvaghosha)
Espaço-Tempo
1) O reconhecimento central da teoria da relatividade é o de que a geometria [...] é uma construção do intelecto. Só quando essa descoberta é aceita, pode a mente sentir-se livre para lhe dar com as noções tão veneradas de espaço e tempo, examinar o intervalo de possibilidades disponíveis para sua definição e selecionar a formulação que esteja de acordo com a observação. (Henry Margenau)
A verdadeira revolução que surgiu com a teoria de Einstein [...] foi o abandono de que o sistema de coordenadas do espaço-tempo possui significado objetivo como uma entidade física isolada. Em vez dessa idéia a teoria da relatividade implica o fato de que as coordenadas de espaço e tempo são apenas os elementos de uma linguagem utilizada por um observador para descrever seu ambiente. (Mendel Sachs)
No espaço-tempo, tudo aquilo que para cada um de nós constitui o passado, o presente e o futuro é dado em bloco. [...] Cada observador, à medida que seu tempo passa, descobre, por assim dizer, novas porções do espaço-tempo que se lhe afiguravam como aspectos sucessivos do mundo material, embora na realidade o conjunto dos eventos que constituem o espaço-tempo exista anteriormente a seu conhecimento dos mesmos. (Louis de Broglie)
2) Os astrônomos chineses não sentiam a necessidade de formas geométricas de explicação – os organismos componentes do organismo universal seguiam cada um o seu Tao , de acordo com sua própria natureza e podia-se lidar com seus movimentos na forma essencialmente “não representacional” da álgebra. Os chineses estavam assim livres da obsessão dos astrônomos europeus pelo círculo como a figura mais perfeita, [...] não estando igualmente subjugados à prisão medieval das esferas de cristal. (J. Needham)
Foi ensinado pelo Buda, ó monges, que [...] o passado, o futuro o espaço físico [...] os indivíduos não passam de nomes, formas de pensamento, palavras de uso comum, realidades meramente superficiais. (Madhyamyka Karika)
Se falarmos de experiência de espaço na meditação, estaremos lidando com uma dimensão inteiramente diferente. [...] Nessa experiência de espaço, a sequencia temporal é convertida numa coexistência simultânea, a existência lado a lado das coisas [...]; isso, uma vez mais, não permanece estático, mas torna-se um continnum vivo no qual espaço e tempo acham-se interligados. (Lama Govinda)
Vazio e forma
1) Podemos então considerar a matéria como constituída de regiões do espaço nas quais o campo é extremamente intenso. [...] Não há lugar nesse novo tipo de Física para campo e matéria, pois o campo é a única realidade. (Albert Einstein)
A física teórica moderna [...] colocou nosso pensamento acerca da essência da matéria num contexto diferente. Ela desviou nosso olhar do que é visível – as partículas – para a entidade subjacente, o campo. A presença da matéria é simplesmente uma perturbação do estado perfeito do campo nesse lugar; algo acidental, poder-se-ia quase dizer, um mero “defeito”. Assim, não existem leis simples que descrevam as forças entre as partículas elementares. [...] A ordem e a simetria devem ser buscadas no campo subjacente. (Walter Thirring)
2) Forma é vazio, vazio na verdade é forma. Vazio não difere da forma, a forma não difere do vazio. O que é forma é vazio; o que é vazio é forma. (Prajna-paramita-hridaya Sutra)
O universo físico chinês nos tempos antigos e medievais constituía um todo perfeitamente contínuo. O ch’i condensado em matéria palpável não estava particularizado em qualquer sentido importante, mas os objetos individuais agiam e reagiam com todos os demais objetos do mundo [...] de maneira vibratória ou semelhante a ondas, dependente, em última instância, da alternância rítmica em todos os níveis das duas forças fundamentais, o yin e o yang. Dessa forma, os objetos individuais possuíam seus ritmos intrínsecos. E estes estavam integrados [...] no padrão geral da harmonia do mundo. (Joseph Needham)
Padrões de mudança e interpenetração
1) Na Física moderna, dividimos agora o mundo não em grupos diferentes de objetos mas em grupos diferentes de conexões. [...] O que pode ser diferenciado é o tipo de conexão que é basicamente importante num dado fenômeno. [...] O mundo aparece assim como um complicado tecido de eventos, no qual conexões de diferentes tipos se alternam ou se sobrepõem ou se combinam e, dessa maneira, determinam a textura do todo. (W. Heisenberg)
2) No céu de Indra, diz-se existir uma rede de pérolas disposta de tal forma que se contemplarmos uma, vemos todas as demais nela refletidas. Da mesma forma, cada objeto do mundo não é simplesmente ele mesmo mas envolve todos os demais objetos e, de fato, é tudo o mais. “Em cada partícula de poeira, estão presentes incontáveis Budas. (sir Charles Eliot)
Citação final
Levada a seu extremo lógico, a conjectura do bootstrap implica que a existência da consciência, juntamente com todos os outros aspectos da natureza, é necessária para a autoconsistência do todo. (Geoffrey Chew)
Citações retiradas de “O Tao da Física”, de Fritjot Capra.
Vídeo e textos selecionados pela irmã Dafne Pires Pinto para estudo em Loja realizado em 19 de junho de 2012.
"Nenhum Teósofo, do menos instruído ao mais culto, deve pretender a infalibilidade no que possa dizer ou escrever sobre questões ocultas" (Helena P. Blavatsky, DS, I, pg. 208). A esse propósito, o Conselho Mundial da Sociedade Teosófica é incisivo: "Nenhum escritor ou instrutor, a partir de H.P. Blavatsky tem qualquer autoridade para impor seus ensinamentos ou suas opiniões sobre os associados. Cada membro tem igual direito de seguir qualquer escola de pensamento, mas não tem o direito de forçar qualquer outro membro a tal escolha" (Trecho da Resolução aprovada pelo Conselho Geral da Sociedade Teosófica em 23.12.1924 e modificada em 25.12.1996.
Nenhum comentário:
Postar um comentário